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quarta-feira, março 12, 2025
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Inverno Amazônico ou verão? Entenda o período de chuvas em Belém

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Sair de casa exige sempre uma última verificação para garantir que nada essencial foi esquecido: carteira, chaves e, para os paraenses, a inseparável sombrinha. Essencial para se proteger das chuvas diárias, ela se torna indispensável entre dezembro e maio, durante o famoso “inverno amazônico”.

Mas por que “inverno amazônico” se, no Hemisfério Sul, o período entre 21 de dezembro e 20 de março é considerado verão? Essa questão foi explicada pelo professor de meteorologia da Universidade Federal do Pará, Danilo Filho, em entrevista ao DOL.

“O verão austral tem como característica temperaturas mais elevadas, altos volumes acumulados de chuva e maior duração do brilho solar ao longo do dia. Em Belém, não experimentamos as quatro estações, pois a cidade está localizada na região equatorial, próxima à Linha do Equador”, esclarece.

Embora as quatro estações do ano — verão, outono, inverno e primavera — sejam pré-determinadas globalmente, elas não ocorrem de forma simultânea. Segundo o professor, isso acontece porque “mudam em cada hemisfério devido aos movimentos de rotação e translação da Terra em torno do Sol”. Na Amazônia, a dinâmica climática é ainda mais particular, pois a região não possui primavera nem outono.

“Essa região apresenta duas estações bem definidas: a chuvosa, popularmente conhecida como inverno amazônico (verão no Hemisfério Sul), e a menos chuvosa, chamada de verão amazônico, que ocorre de junho a novembro (inverno no Hemisfério Sul). Assim, estamos no verão do Hemisfério Sul, mas vivendo o período chuvoso na Amazônia, devido à atuação da Zona de Convergência Intertropical”, explica.

A Zona de Convergência Intertropical é uma faixa de baixa pressão próxima ao Equador, onde os ventos alísios dos hemisférios Norte e Sul se encontram, provocando intensa nebulosidade e chuvas frequentes, como ocorre na Amazônia, uma região equatorial.

Tá abafado?

E quando a chuva cai, mas o tempo continua “abafado”, como uma estufa? Segundo o professor, essa sensação ocorre devido às altas temperaturas em Belém, mesmo durante a temporada chuvosa. Além disso, a umidade vinda do mar intensifica a sensação de calor e abafamento.

“É importante lembrar que a temperatura é uma grandeza física que mede o grau de agitação das partículas de um corpo. Quanto mais agitadas, maior a energia interna e, consequentemente, maior a temperatura. Não é segredo que, devido à sua localização geográfica, Belém apresenta temperaturas elevadas. Mas por que sentimos mais calor do que o indicado pelo termômetro? Isso acontece porque a sensação térmica resulta da interação entre a umidade relativa do ar e a ação do vento”, explica.

“Dessa forma, em dias com temperaturas e umidade elevadas, especialmente após a chuva, o calor parece mais intenso do que o registrado no termômetro. Além disso, em cidades próximas ao oceano, como Belém, a sensação de abafamento é ainda maior devido à umidade vinda do mar”, acrescenta.

Chuvas em Belém

Para quem espera que as chuvas diminuam em Belém nos próximos dias, é melhor continuar carregando a sombrinha e a capa de chuva. “A cidade de Belém, no período chuvoso, tem uma precipitação média de 2.410 mm (climatologia de 30 anos). O mês de março é o mais chuvoso, com um acumulado médio de 506 mm”, explica o professor.

“Os modelos climáticos preveem que os volumes acumulados de precipitação para março, abril e maio devem ficar dentro da média climatológica — 506,0 mm, 465,5 mm e 323,6 mm, respectivamente — ou ligeiramente acima. Isso ocorre devido às condições favoráveis das águas do oceano Atlântico Tropical, onde as temperaturas da superfície do mar (TSM) estão mais altas. Esse padrão favorece o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical para latitudes abaixo da Linha do Equador, intensificando as chuvas na capital paraense”, acrescenta.

O La Niña, fenômeno climático caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, também deve contribuir para o aumento das chuvas na Amazônia.

“É importante destacar que áreas de Belém situadas às margens de canais e igarapés podem sofrer alagamentos devido à combinação de maré alta e grandes volumes de precipitação previstos”, finaliza.

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