32.8 C
Belém
sexta-feira, novembro 22, 2024
Descrição da imagem

Uso ilegal de lanchas faz ilha desaparecer no Pará

Date:

Descrição da imagem

Na Amazônia, a cultura de subsistência é fundamental para moradores de ilhas e municípios. Por isso, quando ocorre a erosão do solo ou a extinção de espécies impacta diretamente quem depende deles para viver. 

Uma investigação da Polícia Civil do Pará revelou que o desaparecimento da ilha Camará, localizada dentro da Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo, em Marapanim, na região do salgado paraense, foi causado pela passagem de lanchas de praticagem em alta velocidade.

A ilha, que tinha o tamanho equivalente a 13 campos de futebol, desapareceu devido à erosão provocada pelas lanchas da empresa Barra do Pará, responsável pela praticagem na região.

CONTEÚDOS RELACIONADOS: 

Aquecimento global pode fazer Marajó perder parte das ilhasRisco em área de erosão pode interditar Avenida de Salinas

Um laudo científico elaborado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) confirmou que a erosão foi causada pelo tráfego intenso das lanchas no rio Cajutuba, onde a ilha Camará estava localizada. Essas lanchas são usadas para transportar os “práticos”, profissionais responsáveis por orientar navios cargueiros em áreas de difícil navegação. O relatório identificou que o movimento constante das lanchas causou erosão progressiva, resultando na completa submersão da ilha.

O inquérito policial, conduzido pela Divisão Especializada em Meio Ambiente e Proteção Animal (Demapa), revelou que a empresa Barra do Pará operava na área sem licença ambiental e era responsável por cinco impactos socioambientais significativos. Esses impactos incluíam naufrágios de barcos pequenos, destruição de redes de pesca, alterações na vida marinha e riscos à segurança das comunidades ribeirinhas.

O delegado Waldir Cardoso, que liderou a investigação, declarou que a empresa foi indiciada por crimes ambientais devido ao desaparecimento da ilha e à operação sem autorização legal e pesquisas comprovaram a ação do homem neste caso.

“O trabalho de inteligência (feito pelos pesquisadores) comprovou que, realmente, houve o desaparecimento da ilha provocado pela erosão devido à ação antrópica, do homem, onde passam as lanchas da empresa investigada e isso foi determinante para o indiciamento da empresa”, afirmou Waldir.

Quer mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no WhatsApp

Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo em risco

A Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo, onde a ilha estava localizada, foi criada em 2014 e possui uma área de 26,4 mil hectares, com 32 comunidades ribeirinhas que dependem da pesca e coleta artesanal para sustento.

A gestão da reserva é de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que confirmou a ausência de licenças ambientais para a operação da empresa Barra do Pará dentro da reserva.

Indiciamento e impactos ambientais

Com base nessas evidências, a Polícia Civil indiciou a empresa Barra do Pará por crimes ambientais, citando os artigos 40 e 60 da Lei dos Crimes Ambientais. O artigo 40 aborda danos em unidade de conservação, enquanto o artigo 60 trata da operação de serviços potencialmente poluidores sem autorização dos órgãos ambientais competentes. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), mas ainda não há prazo para conclusão da análise antes de ser remetido à Justiça.

Além da erosão e do desaparecimento da ilha, outros impactos decorrentes da navegação ilegal também foram identificados pelos pesquisadores. Naufrágios de barcos pequenos, destruição de redes de pesca, mudanças na vida marinha e impactos negativos para as comunidades tradicionais ribeirinhas foram alguns dos problemas relatados. Os pescadores da região, que dependem do rio para subsistência, relataram à Polícia Civil que as lanchas de praticagem muitas vezes transitam sem preocupação com a segurança dos moradores locais.

A empresa Barra do Pará negou a necessidade de licenças para operar nos rios da região, afirmando que suas atividades estão dentro da legalidade. No entanto, durante as investigações, foi descoberto que a única licença obtida pela empresa era para operar um píer na comunidade Vista Alegre, fora da reserva, sem cobertura para a atividade de praticagem no rio Cajutuba.

A situação continua a ser monitorada por órgãos ambientais e pelas autoridades do Pará.

Compartilhe

Descrição da imagem

Mais Acessadas

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Descrição da imagem