O terceiro mês do ano se despede, mas uma campanha segue com destaque nas agendas de saúde, o Março Lilás – mês de conscientização sobre o câncer de colo de útero. Referência no tratamento oncológico, o Hospital Ophir Loyola (HOL) une esforços à iniciativa que busca educar sobre os sinais, sintomas, diagnóstico e tratamento da condição que ameaça a saúde feminina.
Ao longo deste mês, profissionais da instituição esclareceram dúvidas durante palestras realizadas na Clínica de Oncoginecologia. Os eventos no HOL buscaram eliminar tabus associados ao câncer, encorajando as mulheres a buscar informações e a cuidar da própria saúde de forma integral. A psicóloga do hospital, Christianne Nascimento, pontua que os pacientes são multiplicadores de informação e podem ajudar na conscientização de familiares, amigos e conhecidos.
“O objetivo das palestras é orientar essas mulheres que, muitas das vezes, nunca conversaram sobre sexualidade com os pais e não têm o hábito de falar sobre isso com os filhos. Elas têm dificuldade de aceitar muitas situações da relação sexual com o parceiro e esses bate-papos ajudam a ‘desconstruir’ tabus. Por exemplo, com as cirurgias (para o tratamento do câncer do colo uterino), algumas mulheres têm maior dificuldade no sexo vaginal, então, é preciso conversar sobre essas situações angustiantes. As relações sexuais precisam ser bem cuidadas, seguras, e o acesso à informação contribui para a conscientização. É libertador”, afirmou.
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Christianne é especialista em terapia de família e casal e revela que costuma conversar com os parceiros das pacientes sobre os desafios a serem superados na relação a dois durante a luta contra o câncer. Essa abordagem ocorre tanto na clínica quanto nos ambulatórios e é uma forma de acolher o casal.
Nos deparamos com mulheres que nunca passaram por um exame preventivo ou que nunca foram ao ginecologista até sentir dor ou ter sangramentos em decorrência do câncer. Outras, até sabiam que estavam com câncer e, mesmo com dor, se submetiam às relações sexuais porque o parceiro cobrava, seja por não compreender a doença ou por não ter conhecimento sobre como esse período é doloroso para a mulher. Por isso, nós também convidamos os maridos para essa orientação”, explicou.
O câncer cervical se desenvolve a partir de alterações na região localizada no fundo da vagina. Apesar de grave, a doença é evitável e curável, quando detectada precocemente. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a identificação e o tratamento de lesões precursoras permitem a cura de até 100% dos casos identificados em fase inicial.
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“O câncer de colo uterino tem uma progressão lenta e algumas lesões precursoras demoram até dez anos para serem diagnosticadas. Então, se todas as mulheres fizessem regularmente o exame ginecológico, com toda certeza, teriam o diagnóstico de forma mais precoce, contribuindo para o aumento das taxas de cura”, explicou a cirurgiã oncológica e chefe do Serviço de Oncoginecologia do HOL, Ellen Ribeiro.
Prevenção – A prática de sexo seguro com o uso de preservativos e a vacina tetravalente contra o HPV (Papilomavírus Humano, tipos 6, 11, 16 e 18) são importantes formas de prevenção. A imunização está disponível para meninas e meninos de 9 a 14 anos, pois a vacinação antes do início da atividade sexual evita o contágio pelo vírus sexualmente transmissível e contribui para a erradicação deste tipo de câncer no futuro.
Sobre o preventivo – A realização regular do exame ginecológico preventivo, a colpocitologia oncológica, também conhecido como Papanicolau, leva menos de cinco minutos e, geralmente, é indolor. Como preparo, pede-se que a paciente não tenha utilizado duchas íntimas, cremes ou lubrificantes vaginais, bem como não ter mantido relação sexual nas 72h que antecedem o exame. Com a coleta das células do colo do útero é possível diagnosticar alterações ou lesões no órgão, podendo indicar a existência de HPV e de outras doenças, como clamídia, sífilis e gonorreia.
“Atualmente, a forma de se prevenir o câncer é realizar exames ginecológicos de forma regular, de preferência anualmente. O Ministério da Saúde preconiza que o exame seja realizado em mulheres acima dos 26 anos, mas o ideal é que todas as mulheres, a partir da primeira relação sexual, iniciem esse acompanhamento ginecológico. A vacinação ofertada pelo SUS também é uma forma de prevenção, pois garante imunidade às principais formas oncogênicas de HPV”, explicou a oncologista.
Fatores de risco – Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo, o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais, o início precoce da atividade sexual e ter múltiplos parceiros sexuais são fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Além desses, a médica reforça a necessidade de atentar para outros sinais.
“Entre os principais sinais de alerta, estão os sangramentos fora do período menstrual e as secreções vaginais com odor ou volume anormal. O câncer de colo uterino, quando não tratado, evolui para uma doença potencialmente grave, com sangramentos, dores e crescimento progressivo para outros órgãos, comprometendo o estado geral da paciente e até levando ao óbito”, concluiu a médica, explicando ainda que a cirurgia e a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, são modalidades utilizadas no tratamento dessa neoplasia.