A programação da terceira edição do Festival Açaí Pará segue até hoje, 14, no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. É promovida pelo governo do Pará, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), e conta com degustação de açaí, exposição de produtos derivados do fruto oriundo de municípios de diferentes regiões do estado, capacitação de batedores, apresentação de tecnologias inovadoras e venda de equipamentos para colheita da fruta, além de apresentação cultural.
O festival celebra a vocação do Pará na produção do fruto: sozinho, o estado é responsável por mais 90% de todo o açaí produzido em território nacional, de acordo com o IBGE. A estimativa é uma média anual de produção de quase 1 milhão e 600 mil toneladas do fruto. A chegada da safra deve movimentar a economia local.
“A safra virá muito grande e nesse período muitos montam uma estrutura na garagem ou em casa para bater o açaí e gerar uma renda extra. A gente concorda, mas esse batedor tem que ser orientado e capacitado”, pontuou o diretor de feiras e mercados da Sedap, Manoel Rendeiro. A expectativa é uma colheita vigorosa nos próximos meses que pode fazer com que o litro do açaí custe R$ 10.
O processo conhecido como “branqueamento” do açaí é a principal medida para manter o açaí livre de impurezas. A tecnologia é simples e envolve a imersão dos grãos em um tanque de água aquecido acima de 80 graus centígrados, por 10 segundos. Após esse período, o fruto é retirado e processado. Acima dessa temperatura, o Trypanosoma cruzi, transmissor da doença de Chagas, é eliminado.
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“Recentemente passamos três semanas em Ananindeua e visitamos mais de 500 batedores, a maioria irregulares, inclusive mães de família que tiram o sustento do açaí”, afirmou o diretor da Sedap.
CURSOS
Essas pessoas receberão os cursos de controle de qualidade e produção adequada do açaí, ofertados pelo governo. Os investimentos incluem o estímulo da produção do fruto, repasse de material, como maquinários e equipamentos de segurança individual, até o acompanhamento no cultivo, por meio de assistência técnica.
No Pará, os municípios campeões em produção do fruto são Igarapé-Miri (422,24 mil toneladas), Cametá (157,32 mil toneladas) e Abaetetuba (112,00 mil toneladas). Durante o festival, mais de 800 batedores artesanais foram qualificados para garantir que o fruto seja processado de acordo com as normas sanitárias vigentes. De acordo com a Sedap, as qualificações são frequentes. “Quando nós começamos o trabalho, tinham aproximadamente 80 casos de doença de Chagas. Hoje, segundo a vigilância sanitária do estado, esse número praticamente zerou”.
A tradição da colheita do açaí é conhecida pela utilização da peconha, artefato artesanal para auxiliar a subida nos açaizeiros para retirada dos cachos. Porém, uma novidade da Kaatech, empresa de inovação, promete mecanizar a colheita em larga escala. Lançado durante o festival, o Açaibot é uma tecnologia brasileira de operação por controle remoto, que substitui o trabalho manual de quem trabalha com o fruto.
“Ele consegue fazer aproximadamente 70 a 100 subidas numa palmeira de açaí. Um bom e experiente peconheiro faria apenas 20 no mesmo período. Estamos falando de 5 a 10 vezes mais em produtividade. Isso não vai tirar o emprego do ribeirinho, pelo contrário, vai aumentar a renda dele e fomentar toda a região”, explica o CEO da Kaatech, Marcelo Feliciano.
O equipamento está disponível em pré-venda. O lançamento integra o projeto de modernização da cadeia produtiva do açaí promovido pelo Grupo Kaa. O complexo industrial do grupo em Icoaraci deve gerar mais de 4 mil empregos diretos e indiretos na região.