Quando craques internacionais chegam ao futebol brasileiro, os bastidores da negociação nem sempre são tão claros quanto os flashes na coletiva de apresentação. O caso da contratação de Memphis Depay pelo Corinthians, em setembro do ano passado, se transformou em um verdadeiro imbróglio extracampo. Agora, uma disputa sobre quem teria efetivamente conduzido as conversas com o atacante holandês ameaça desaguar em uma batalha jurídica de milhões.
Frederico Carvalho, intermediário com registro na CBF, sustenta que teve papel direto na negociação que levou Memphis ao Corinthians e, por isso, cobra uma comissão de R$ 8 milhões. Segundo ele, o jogador inicialmente priorizava o Flamengo e chegou a ser oferecido ao clube carioca com proposta detalhada, incluindo salário de R$ 4 milhões por mês e contrato de dois a três anos. No entanto, o empresário relata que os valores assustaram o Rubro-Negro, e o negócio não avançou.
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“Poucas pessoas, talvez ninguém, tenha falado: a prioridade do Memphis sempre foi o Flamengo. Eles, dirigentes do Corinthians, sabiam da minha relação com o Flamengo. Eles, staff do Depay, tinham mais segurança no Flamengo. Era uma questão financeira e esportiva”, disse Frederico à Rádio Bandeirantes. Ele acrescenta que esteve com um diretor do Flamengo em um hotel onde o clube estava hospedado, na capital paulista, e apresentou os termos do possível acordo. “Olha como são as coisas: o Flamengo, bem financeiramente, quando olhou os números, disse que estavam pesados.”
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CLUBES NEGAM PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTANTE
Apesar das alegações, tanto o Flamengo quanto o Corinthians negam ter dado andamento às tratativas com Frederico. O clube carioca sequer levou a proposta ao então presidente Rodolfo Landim. Já o Corinthians afirma que a negociação com Memphis foi conduzida diretamente com Sébastien Ledure, advogado e agente do jogador, após localizarem o contato dele em um site especializado em estatísticas de futebol.
A equipe de Memphis também nega qualquer envolvimento com o intermediário. Em resposta ao jornal Lance!, os representantes do atleta foram categóricos: “No último verão, Memphis Depay não solicitou nem autorizou qualquer intermediário ou representante a iniciar negociações com qualquer clube do Brasil. A equipe de assessores de Memphis foi contatada diretamente por diretores do Corinthians, o que levou a conversas diretas, negociações e à conclusão positiva de um contrato entre as partes. Não houve qualquer negociação com outro clube brasileiro.”
APOIO FINANCEIRO DE CASA DE APOSTAS
Na versão do ex-diretor jurídico do Corinthians, Vinicius Cascone, o ponto de partida da conversa foi o apoio financeiro da casa de apostas Esportes da Sorte, que patrocinava o clube. Com o aporte garantido, ele e o então diretor financeiro Pedro Silveira buscaram o contato oficial da equipe do holandês por e-mail.
“O fato é que a negociação em relação ao Memphis foi iniciada diretamente por mim e pelo Pedro Silveira, diretor financeiro. Foi ali e depois nós já contratamos o Fabinho e o presidente Augusto Melo. Foi isso que aconteceu de fato. Em momento algum nós procuramos ou fomos procurados por essa pessoa de nome Frederico Carvalho”, afirmou Cascone.
SURPRESA COM INTERESSE DO CORINTHIANS
Ainda segundo o ex-dirigente, em nenhum momento os representantes de Memphis mencionaram o nome de Frederico. Pelo contrário, toda a comunicação foi feita com escritórios jurídicos oficiais e profissionais contratados diretamente pelo staff do atleta.
“Na verdade, ele ficou surpreso com o contato de um clube brasileiro, no caso, o Corinthians… Se o Frederico realmente fosse o representante dele no Brasil, com certeza teria participado da apresentação aqui no Corinthians, o que nunca aconteceu”, concluiu Cascone.
PROVAS DE PARTICIPAÇÃO NO NEGÓCIO
Memphis assinou contrato com o Corinthians até junho de 2024, com possibilidade de bônus por metas atingidas que podem elevar a remuneração total para R$ 120 milhões. A patrocinadora Esportes da Sorte é responsável por aproximadamente R$ 57 milhões desse montante.
Frederico Carvalho, por sua vez, insiste que tem provas de sua atuação na operação e promete apresentá-las caso seja convocado pelo CORI (Conselho de Orientação do Corinthians), que zela pela gestão financeira do clube. O caso, ao que tudo indica, ainda está longe de um ponto final.
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