Um levantamento inédito feito pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e divulgado na última segunda-feira (9) revela que o Pará é um dos estados em que a predileção pelo uso de motocicletas já superou a concorrência com automóveis e outros veículos. O levantamento traz detalhes sobre o crescimento da frota de motocicletas, motonetas e ciclomotores no Brasil. Atualmente, os 34,2 milhões de veículos dessas categorias registrados no país em 2024 representam 28% do total da frota nacional.
Cinco estados se sobressaem na predileção pelos veículos automotores de duas rodas. O Maranhão ocupa o primeiro lugar, com 59,7% do total da frota de veículos do tipo, sendo seguido pelo Piauí, com 54,5%, Pará, também com 54,5%, Acre, com 53,1% e Rondônia, com 51,2%. Nosso estado possui 1,5 milhão de veículos de duas rodas, sendo o primeiro da região Norte no ranking. O levantamento também traça um perfil dos condutores, que são predominantemente do sexo masculino (75%).
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Sustento
O DIÁRIO percorreu ruas da capital paraense e ouviu pessoas que utilizam a motocicleta para garantir o sustento de casa ou simplesmente para se deslocar pela cidade, como o Luiz Cesar, 43 anos, que trabalha como motorista de aplicativo de mobilidade urbana em Belém. Desde o ano de 2021, a ocupação dele é levar passageiros pela cidade. O motociclista ressalta que devido ao trânsito intenso, procura ter bastante cautela e cuidado. Há mais de 20 anos conduzindo a moto, ele retira o sustento da família trabalhando pelo menos cinco dias por semana. “Eu trabalho de dia ou também de noite, dependendo da demanda. É dessa forma que consigo o meu ganha-pão”, comenta.
“É uma correria diária fazer as entregas por Belém. Imagina essa agitação embaixo do sol e do calor escaldante”. Este relato é do entregador Robervan Júnior, 34 anos, que trabalha no ramo há dois anos. É desta forma que ele consegue, diariamente, a renda que mantém as contas de casa em dia e sem atraso. Na rotina sobre as duas rodas, o entregador ressalta a importância em conduzir a moto com cuidado pelas ruas. “Eu gosto de usar a moto, mas ter cuidado no trânsito é fundamental. Somos mais vulneráveis. Todo cuidado é pouco”, reforça.
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O risco de motociclistas serem mais vulneráveis nas ruas foi, inclusive, presenciado pela equipe de reportagem na tarde de ontem (10), quando dois motociclistas colidiram entre si na Avenida Pedro Álvares Cabral, esquina com Avenida Arthur Bernardes, no bairro do Telégrafo. Na ocasião, apesar do susto e de pequenos danos materiais em uma das motocicletas, nenhum dos dois condutores ficou ferido gravemente.
Custos
Herbert Rocha, 43 anos, trabalha como entregador de peças há 11 anos na capital paraense. É dessa forma que tira o sustento da família, com rotina de segunda-feira a sábado. Ele tem carro em casa, mas prefere a moto. Há mais de duas décadas conduzindo o veículo de duas rodas, ele afirma que é apaixonado pela moto não se imagina sem ela. “Além do apego, a moto também é uma forma de economizar com gasolina que vive aumentando de preço e pesa no orçamento no final do mês”, ressalta o entregador.
“Esta é a minha única fonte de ganhos atualmente. É dessa forma que mantenho minha renda mensal honrando meus compromissos e pagando minhas dívidas”. Este depoimento é do Luciano Rosário, 49 anos, que trabalha como motorista de aplicativo há pelo menos três anos. Antes, Luciano era motorista de ônibus e agora consegue a subsistência da família por meio da motocicleta. Ele leva passageiros em Belém e Ananindeua, dependendo da demanda e do destino das viagens. “Eu gosto de dirigir a moto e muita gente depende do meu serviço para se locomover pela cidade”, comenta.
A vendedora Nilziane Miranda, 37 anos, mora em Ananindeua, mas trabalha no bairro do Reduto, em Belém. Para se deslocar de casa até o trabalho, a vendedora utiliza a motocicleta ao longo do dia. Nilziane afirma que gosta bastante do veículo e também de dirigir pela cidade. Um outro ponto importante que ela destaca é que a motocicleta é também uma alternativa para controlar os custos. “Eu acho muito mais econômico usar a moto. Antes eu gastava 600 reais com combustível para ir de carro ao trabalho e depois voltar pra casa. Hoje eu gasto 200 reais por mês. É uma considerável redução”.