25 C
Belém
quarta-feira, janeiro 1, 2025
Descrição da imagem

Nome europeu, mas com cenário histórico e bem amazônico

Date:

Descrição da imagem

Antes de ser conhecida como Boulevard Castilhos França, a avenida que hoje é uma das principais vias da capital paraense e rodeada por alguns dos principais cartões-postais de Belém, não existia nem mesmo como rua.

Quem conta um pouco mais sobre essa história, é o historiador e professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Amilson Pinheiro. Segundo o professor, até a primeira metade do século 19, a atual avenida era uma espécie de praia e para se tornar uma das principais vias nos dias atuais, é preciso relembrar um movimento histórico do Estado: a Cabanagem.

“A Cabanagem terminou em Belém por volta de 1840. A cidade ficou bastante arrasada, destruída devido esse processo revolucionário. Pouco depois disso, foi iniciado um projeto de reconstrução. Assim, o então presidente da Província do Grão-Pará, Jerônimo Coelho, resolveu fazer a construção de um porto naquele perímetro, daí foi realizada a abertura dessa rua que antes era apenas uma praia”, explica.

Veja também:

Após o processo de aterramento, a partir de 1848 a via passa a ser chamada de Rua Nova do Imperador, tornando-se uma área de intensa movimentação comercial. O historiador ressalta que esse movimento ganha força uma vez que vários trapiches na Baía do Guajará começam a se estabelecer, já que a partir do século 19, a Amazônia estava aberta à navegação.

“Essa área começa a pulverizar e aumenta esse comércio. Então, a área passa a ser muito movimentada por trabalhadores, carroceiros e vendedores de todas as formas. Assim também começa a surgir os prédios, os casarões, e assim acontece até durante a segunda metade do século 19”, conta.

A partir de 1897, quando Antônio José de Lemos assumiu a prefeitura de Belém, foi implementado um grande projeto de reforma urbana, inspirado nos modelos das cidades europeias. O Boulevard Castilhos França começa a se transformar na rua que conhecemos hoje, com a construção do Porto Novo de Armazém na Estação das Docas e o Mercado de Ferro e de Carne do Ver-o-Peso, em meados de 1906. Naquele momento, a via passou a se chamar Boulevard da República.

“O sentido da palavra Boulevard é de uma grande avenida para grande circulação de pessoas, de mercadorias, é uma artéria movimentada. Então, se criou esse conceito dessas avenidas largas e longas grandes. Em 1930 a via passa a ser nomeada Boulevard Castilhos França, que foi uma homenagem ao militar chamado Eurico Castilhos França”, ressalta o professor.

HISTÓRIAS

A avenida, que é uma janela aberta para o rio, como explica o historiador, ainda é um lugar de comércio e movimentação de trabalhadores de todos os ramos. Apesar dos processos de transformação do espaço, a via é uma importante veia da economia local que gera renda, reúne público e histórias diversas.

O empresário Marcos Neves, de 38 anos, comenta que a loja de brechó Eco Stylus, situada na avenida, foi a primeira loja da família, que começou no ramo da moda sustentável há 29 anos. Passado de pai para filho, o negócio é gerido por Marcos, sua esposa e o cunhado. Hoje, apesar de possuir mais duas unidades localizadas no centro comercial de Belém, ele explica que estar na Boulevard Castilhos França é especial não apenas por abrigar a loja mais antiga, mas pelo público diversos que a rua atrai.



“É uma avenida muito movimentada, a gente recebe pessoas das ilhas de Belém, que chegam para comprar e muitas vezes revender, assim como pessoas de bairros distantes da cidade e de municípios do interior do Estado. E como estamos falando de economia, o brechó acaba sendo uma opção de qualidade, preço justo e que cabe no bolso”, avalia.

Não muito longe, mas agora nas calçadas da avenida, trabalhadores informais com todos os tipos de produtos e serviços garantem o sustento de suas famílias por anos e anos. Um deles é o vendedor de calçados Paulo Rosário, de 55 anos, que começou a trabalhar ainda aos 12 anos.



“Já trabalhei com bolsas, com sapato, também já trabalhei na rua João Alfredo, na avenida Portugal, mas o último local foi aqui. Já estou na Boulevard Castilhos França há 20 anos. Normalmente chego aqui por volta de 5h30 para garantir uma vaga no estacionamento, porque trago minhas mercadorias. Com as vendas, consigo sustentar minha família. Sustento minha mulher, meu filho, tudo com o meu dinheiro honesto”, frisa.

O perímetro também abriga a tradicional loja Esporte Espetacular, situada no Mercado de Ferro do Ver-o-Peso desde os anos de 1962. Passada de geração para geração, a família é de origem libanesa e de acordo com o gerente Karim Said Daou, de 20 anos. “Tudo isso começou na época do meu avô, meu pai passou para mim e, se Deus quiser, vou passar o negócio para os meus filhos também”, destacou.



Antigamente, o jovem conta que a loja localizava-se mais à esquina da Pedra do Peixe e por conta do avanço da maré, mudou de local. “Nós fomos nos adequando, agora é um ambiente climatizado até porque as pessoas que visitam a área reclamam do calor. Temos uma movimentação muito grande em volta do comércio e isso chama a atenção das pessoas, é uma avenida que chama a atenção. Estamos num ponto histórico”, completa.

Compartilhe

Descrição da imagem

Mais Acessadas

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Descrição da imagem