Neste dia 5 de fevereiro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Mamografia, uma data voltada para conscientizar a população sobre a importância desse exame no rastreamento do câncer de mama. A mamografia é o método mais eficaz para detectar lesões em estágios iniciais, aumentando as chances de cura da doença para mais de 90% quando diagnosticada precocemente.
Apesar de sua importância, os índices de cobertura mamográfica no país ainda estão muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 70% da população-alvo, mas os estados não conseguiram ultrapassar mais de 35% em 2023.
O médico mastologista Fábio Botelho, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) – Regional Pará, destaca que a mamografia é o exame mais eficiente para identificar lesões muitas vezes imperceptíveis e que, consequentemente, garante a eficácia da estratégia de evitar a cirurgia que consiste na remoção total ou parcial da mama, a mastectomia.
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“A mamografia é o exame preferencial de rastreamento. Mesmo sem sintomas, conseguimos detectar alterações subclínicas, o que possibilita um tratamento menos invasivo e maior chance de cura. Quanto mais cedo descobrimos a doença, menores as taxas de mastectomia e melhores os resultados estéticos das cirurgias oncoplásticas”, explica.
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EXAME
A SBM recomenda que todas as mulheres a partir dos 40 anos realizem o exame anualmente, mesmo sem sintomas. No entanto, a recomendação diverge da diretriz do Ministério da Saúde (MS), que indica a mamografia apenas a partir dos 50 anos e com intervalo de dois anos entre os exames. Para o especialista, essa orientação pode comprometer o diagnóstico precoce.
“A recomendação do MS já não vem mais se sustentando, pois o câncer de mama está surgindo cada vez mais cedo. Cerca de 40% dos diagnósticos ocorrem antes dos 50 anos e 22% das mortes acontecem nessa faixa etária. Se esperarmos até os 50 anos para rastrear, deixamos de detectar uma parcela significativa dos casos”, alerta.
Apesar dos avanços na medicina, a detecção precoce ainda é o fator mais determinante para aumentar as chances de cura. “O acesso à mamografia ainda é um grande gargalo no sistema”, pontua Botelho.
Além da mamografia, hábitos saudáveis também desempenham um papel fundamental na prevenção do câncer de mama. O médico destaca a prevenção primária como os hábitos para evitar ter um câncer. Já a prevenção secundária é tudo que se pode fazer para diagnosticar a doença em estágio inicial, considerando a autoavaliação e a consulta com o mastologista.
“A cada década, observamos um aumento no número de casos. O sobrepeso e o sedentarismo são fatores de risco que podem ser evitados. Uma dieta balanceada, controle do peso, redução do consumo de álcool e tabagismo, e prática de atividades físicas são medidas que ajudam a reduzir a incidência da doença”, destaca.
Outra recomendação essencial é que as mulheres conheçam o próprio corpo. “Muitas não sabem fazer o autoexame, mas à medida que se tocam regularmente, aprendem a identificar qualquer alteração suspeita. Caso percebam algo diferente, elas vão conseguir identificar um ‘corpo estranho’ no próprio corpo e procurar imediatamente um especialista”.
O médico também chama atenção para a falta de políticas públicas voltadas ao câncer de mama em homens, que, apesar de ser raro, pode ocorrer. “A incidência em homens é de 1%, mas não há diretrizes de rastreamento como existem para as mulheres. Qualquer alteração nodular deve ser avaliada para que o diagnóstico seja precoce”.
SERVIÇO
- Para realizar o exame pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja por rotina ou suspeitas clínicas de alguma doença mamária, um médico clínico geral pode fazer a solicitação. No sistema, podem ser solicitadas em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) ou por profissionais de Estratégias de Saúde da Família (ESF).
- O exame consiste em uma radiografia rápida e segura, e tem como propósito rastrear a neoplasia maligna de mama por meio da identificação de nódulos nos seios, antes mesmo de serem palpáveis. Ainda, para aqueles que já têm o diagnóstico, no Pará, alguns dos locais para realizar o tratamento de câncer incluem:
- O Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, é referência estadual para tratamentos de alta complexidade. Outras unidades regionais como o Hospital Regional Público de Castanhal (HRPC), o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, e o Hospital Regional do Sudeste do Pará, em Marabá, oferecem diagnóstico e tratamento para diferentes tipos de câncer.