Nas pequenas salas de espera e nos corredores silenciosos que muitas histórias de dor e resistência se encontram. Em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, mães, pais e servidores públicos se reuniram em um encontro marcado por desabafos e cobranças.
O foco foi o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi) de Ananindeua, unidade especializada no atendimento a crianças e adolescentes que enfrentam sofrimento psíquico persistente.
O CAPSi é um serviço público que acolhe pacientes de até 17 anos, 11 meses e 29 dias, oferecendo cuidado integral para casos que incluem desde condições como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) a situações relacionadas ao uso de substâncias. Diferente dos CAPS I e II, que atendem outras faixas etárias, o CAPSi se dedica exclusivamente ao público infantojuvenil.
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No caso da unidade de Ananindeua, durante a reunião com representantes do Ministério Público, familiares e servidores compartilharam experiências que apontam para a necessidade urgente de melhorias. A equipe do CAPSi é composta por profissionais como médicos psiquiatras ou com formação em saúde mental, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e pedagogos. No entanto, segundo os relatos e denúncias dos responsáveis, nem sempre profissionais para garantir o atendimento adequado.
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Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que, em tom de indignação, uma mãe presente no encontro denunciou diretamente o que considera negligência por parte do prefeito Daniel Santos. “Aqui (no CAPSi de Ananindeua) deveria ter mais médicos. É inacreditável isso. Não culpa da diretora. Quem tem culpa é o gestor (prefeito). Ele é médico! Será possível que ele não vê isso?”, questionou.
O discurso inflamado seguiu com um desabafo ainda mais contundente. “Quando o gestor daqui era vereador, ele sabia fazer toda essa tramitação. Hoje, como prefeito, ele não sabe. E danem-se você, dane-se eu e todo mundo. Eu estou falando como mãe do Zé, autista, dentro desse nosso município”, indagou a mãe.
REVOLTA E DENÚNCIAS CONTRA O PREFEITO
A mesma mãe também fez um apelo ao Ministério Público. “Hoje, o Ministério Público, dentro do nosso município, eu espero que faça valer, porque ele (prefeito) está lá em Brasília. Ele abre a boca em rede social para dizer ‘estou aqui pela causa do autismo’, mas eu queria ver se ele tem coragem de trazer os dois filhos dele e jogar ali atrás, onde os nossos filhos têm que ficar”, desafiou, referindo-se às péssimas condições físicas do espaço.
“Eu estou revoltada! Nossos filhos precisam de terapia, eles (funcionários) não dão conta. É um funcionário para mil (pacientes)”, denunciou, visivelmente emocionada.
ORDEM PARA LIMITAR ATENDIMENTO
O relato também trouxe à tona uma denúncia sobre uma suposta tentativa de limitar os atendimentos na unidade. De acordo com a mulher, uma servidora teria pedido demissão após receber ordens para restringir o atendimento a 500 crianças e adolescentes por dia, embora o número real de demandas ultrapasse os mil pacientes, segundo as denúncias.
O encontro serviu como um grito coletivo por respeito, estrutura e políticas públicas eficazes. Enquanto o CAPSi deveria ser um espaço de acolhimento, cuidado e esperança, as mães e pais apontam que o cenário atual é de abandono e sobrecarga. A cobrança agora se volta às autoridades locais, especialmente ao prefeito, por uma resposta concreta às urgências do serviço.
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