Quem tem um veículo precisa abastecê-lo. Mas esse ato simples requer cuidados para não adquirir gasolina adulterada. É crucial considerar diversos fatores, como a qualidade do combustível, a análise entre custo e benefícios e a seleção do posto de gasolina mais apropriado, entre outros.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a porcentagem máxima permitida de etanol anidro na gasolina deve ser de 27%. Por outro lado, a gasolina aditivada deve ter uma concentração entre 18% e 20%. Se os resultados estiverem fora desses limites, isso pode indicar adulteração. Essas substâncias podem incluir solventes, álcool, água, óleos lubrificantes, entre outros. O uso dessa gasolina irregular pode comprometer o motor do veículo, reduzir sua eficiência e aumentar o consumo de combustível, além de trazer outros riscos.
Francisco David, instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), mestre em engenharia mecânica e especialista em mecânica automotiva, explica que a gasolina pode ser modificada de diversas maneiras. As alterações mais frequentes envolvem a adição de álcool em quantidades superiores às recomendadas ou a inclusão de diferentes tipos de solventes acima dos limites permitidos.
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É fundamental entender que, apesar de fazer parte da composição da gasolina, a presença excessiva de certos componentes pode ser prejudicial. “A gasolina comum disponível nos postos contém uma variedade de substâncias químicas, sendo que um dos principais fatores que diferencia a gasolina de boa qualidade daquela que é adulterada é a quantidade de álcool na sua composição. Além disso, a proporção de água também é relevante. Essa combinação de solventes, água e outros ingredientes resulta apenas em danos”, enfatiza.
Medidas
De acordo com Francisco David, o consumidor pode adotar certas medidas para evitar problemas. “Identificar gasolina adulterada apenas por sinais visuais pode ser complicado, mas alguns indícios podem levantar suspeitas sobre a qualidade do combustível. Em primeiro lugar, é preferível abastecer sempre no mesmo posto de gasolina. Exija sempre a nota fiscal e guarde os cupons e notas por pelo menos um ano. Em segundo, evite aqueles que não apresentam uma marca reconhecida. Verifique na parte da frente do posto se há uma marca ou se é desconhecida e evite esses estabelecimentos. Em terceiro lugar, a gasolina possui um cheiro característico. Se você notar um odor diferente no seu veículo, especialmente se for forte ou desagradável, isso pode ser um alerta de adulteração. Também é aconselhável evitar abastecer em postos onde a gasolina é vendida a preços muito inferiores ao mercado, pois isso pode indicar adulteração com substâncias mais baratas. Desconfie de ofertas que parecem excessivamente vantajosas”, adverte.
O especialista ainda aponta que o consumidor tem o direito de requisitar que o posto realize o teste da proveta no momento em que estiver abastecendo o veículo. Essa prática é exigida pela legislação da ANP para verificar se a quantidade de álcool presente na gasolina está dentro dos limites estabelecidos pela lei.
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Sinais
Ele afirma que ao utilizar gasolina adulterada, você começará a notar certos sinais no seu veículo que apontam as consequências desse combustível. Entre os sinais que podem surgir imediatamente, destacam-se: aumento do ruído do motor; maior emissão de fumaça ou vazamento de líquidos pelo escapamento; elevação do consumo de combustível; o carro percorrerá menos quilômetros do que o habitual com um tanque; instabilidade e funcionamento irregular do motor em marcha lenta. “Além disso, é importante ressaltar problemas como: acúmulo de resíduos no motor, que pode levar à fusão; danos e corrosão na bomba de combustível; válvulas emperradas; desgaste de componentes de borracha, como as mangueiras, e a bomba de combustível obstruída”, detalha.
Se houver suspeitas de gasolina adulterada, o ideal é procurar um especialista ou contatar as autoridades competentes para uma investigação adequada. “Caso alguém seja vítima de combustível adulterado, o que pode ser identificado pelo mecânico devido a falhas nas peças do veículo, essa pessoa tem a opção de se dirigir à delegacia de polícia, ao Ministério Público ou até mesmo à Agência Nacional do Petróleo. Ao fazer a denúncia, é fundamental fornecer o máximo de informações possíveis sobre o local, incluindo nome, endereço, número do CNPJ, distribuidora e uma descrição detalhada do ocorrido. Para isso, é essencial ter a nota fiscal em mãos,” conclui Francisco David.