Os belenenses têm uma certeza: aos domingos, a feira do artesanato da Praça da República, na avenida Presidente Vargas, se transforma em um vibrante mercado, atraindo cada vez mais visitantes e turistas. De acordo com os vendedores, a feira já está em funcionamento há cerca de 40 anos.
Toda a família da confeiteira Deuza Câmara se mobiliza para vender os doces e salgados na barraca que montam todo domingo. A filha Adriani Câmara, de 37 anos, junto com sua irmã e os sobrinhos, fica encarregada das vendas, enquanto a mãe prepara os quitutes logo pela manhã. “Nossa mãe é quem faz os doces e salgados. Ela deu início a esse legado, mas, devido à idade, não consegue mais vir vender. Nós, os filhos, assumimos essa responsabilidade e viemos à feira comercializar”, diz.
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Ela menciona que a demanda pelos produtos é alta, mas os favoritos do público são o pão recheado e a unha de caranguejo. “Para algumas famílias, já se tornou uma tradição fazer um lanche na praça. Minha mãe prepara tudo com muito carinho, e nós ajudamos tanto na produção quanto nas vendas”, explica.
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TERAPIA
Para os turistas que chegam a Belém, a feira se apresenta como uma ótima chance de levar para casa recordações da região, incluindo ímãs de geladeira, miniaturas da Amazônia, essências, artesanato e obras de arte. Dentre os artesãos, Izaias Lopes, de 66 anos, elabora remos e cuias que celebram a riqueza da cultura paraense. Por meio de um meticuloso trabalho de pesquisa, ele cria miniaturas, apresentando formatos de peixes e elementos característicos das culturas marajoara e tapajônica.
“O artesanato entrou na minha vida em 1974, na escola tinha uma matéria chamada artes industriais. Foi nesse contexto que conheci um grande mestre artesão, Adriano de Sena Madureira, que considero meu mentor. Ele me ensinou técnicas de entalhe e trabalhei com ele por cerca de sete anos. Destaco também a figura de uma arqueóloga, Edith Pereira, que, em minha visão, transformou o cenário artístico de várias maneiras. Antes dela, eu não tinha contato com a arte rupestre. Minha introdução a essa cultura única ocorreu por meio do trabalho da professora, e a partir disso, comecei a me dedicar a criar peças que refletem essa essência”, disse.
A artesã Elizama Liz, de 45 anos, dedica-se à criação de produtos em feltro. Ela relata que iniciou sua jornada com o artesanato como uma forma de terapia e, ao longo do tempo, descobriu nele uma maneira de se redescobrir. “Estou nessa área há pouco tempo, pois era militar, entrei na reserva e há dois anos comecei a me aventurar no artesanato. No começo, fazia peças apenas para familiares e amigos, era uma forma de terapia”, compartilha.
Ela explica que suas criações são, em sua maioria, decorações, especialmente para quartos infantis. “Faço porta laços, bonecos de diversos personagens, bastidores e pesos de porta. As crianças gostam de ter um boneco do seu personagem favorito, aqui eu tenho a bela e a fera, Olaf, entre outros. Como muitas pessoas começaram a me solicitar pesos de porta, passei a produzi-los e tive uma boa aceitação, especialmente os que têm formato de gatinho”, afirma.