28.3 C
Belém
domingo, maio 4, 2025
Descrição da imagem

Vila da Barca deve ganhar espaço cultural inovador

Date:

Descrição da imagem

Unir tradição, sustentabilidade e transformação social numa área que une o rio e a floresta. Essa é a proposta do projeto “A Barca – Cultura Amazônica” que pretende erguer na Vila da Barca, tradicional comunidade periférica da capital, um espaço sustentável e multifuncional, que abrigará museu comunitário, galeria de arte, cozinha industrial para qualificação profissional das boieiras (mães solo), além de um café/píer com vista para a baía de Guajará e uma hospedaria coletiva com redário.

“Mais do que oferecer oportunidades econômicas, queremos fortalecer a conexão das pessoas com suas raízes e criar experiências transformadoras para moradores e visitantes. A ideia é ter um espaço que vai além de uma casa comunitária, e sim um símbolo de esperança, orgulho e futuro para todos os moradores, da Vila da Barca, comunidade que carrega em suas raízes a força e resiliência históricas”, destaca Suane Barreirinhas, que é co-idealizadora do projeto e que atua como educadora da Turma de Cidadania Climática do projeto Barca Literária, além de ser criada no bairro do Telégrafo, onde se situa a comunidade.

Inspirada nas palafitas da região, a casa contará também com uma hospedaria coletiva, resgatando o modo de vida amazônida. O espaço, que será totalmente erguido com mão de obra local, será um ponto de encontro para oficinas gratuitas, palestras e visitas guiadas à Ilha das Onças, impulsionando o turismo comunitário e a economia local. A meta, com o museu, é transformar a Vila da Barca em um polo de cultura, turismo e oportunidades, inspirada nas tradições das palafitas.

Conteúdos relacionados:

Suanne conta que a ideia do projeto começa em 2020 com os moradores da vila, que reclamavam a perda de seus registros de memória, como fotos, os documentos e afins. “Naquele momento surge a proposta do Museu Memorial da Vila da barca, de como poderíamos preservar essa memória. Então recolhemos esse material das pessoas digitalizamos e começamos o processo de ser guardiões da memória da comunidade”, relembra.

Todo o material digitalizado está no acervo digital da comunidade, que conta como uma rede social do museu além de duas revistas já produzidas com os jovens da comunidade, liderada pelo Historiador e morador da vila da barca, Kelvin Gomes, historiador que também co-idealizou o projeto junto com a pedagoga e educadora Inêz Medeiros, também moradora da Vila da barca, ex-presidenta da associação dos moradores, e educadora na Barca Literária.

Em 2024 foi decidido que um espaço físico seria fundamental para reunir todo esse acervo, começando a movimentação para conseguir um espaço. Se uniram ao projeto um arquiteto Diego Uchoa e com o engenheiro Thiago Uchoa e Diego Uchoa, do escritório Bein, referência da construção e idealização de projetos em madeiras amazônicas.

“Com isso pensamos num espaço muito maior, com outras demandas da comunidade, incluindo uma cozinha criativa funcionando como um espaço de formação também para as boieiras e taifeiros, que são profissões muito existente na comunidade. Pensamos também numa hotelaria comunitária e até uma horta, demandas que são muito pulsantes na Vila da Barca”. A educadora ressalta que “A Barca” é muito mais do que um sonho: é reflexo da realidade de uma escuta feita com a comunidade.

Quer saber mais notícias do Pará? Acesse nosso canal no Whatsapp

Design tem elementos tradicionais com estruturas modernas

Thiago Uchoa, engenheiro responsável pelo projeto, destaca que “A Barca” não é apenas um edifício, “mas um símbolo de resistência e inovação, mostrando como a periferia pode liderar transformações socioambientais através da cultura amazônica.”

Ele detalha que o projeto é um centro comunitário sustentável que valoriza a arquitetura amazônica, inspirado nas palafitas ribeirinhas. O design incorpora elementos tradicionais como estrutura elevada sobre palafitas, adaptada aos ciclos de marés; uso predominante de madeira (de reflorestamento), refletindo a cultura construtiva local, soluções naturais de ventilação e iluminação, com adornos e detalhes estéticos típicos da região, com uma fachada que remete a embarcações, homenageando a história da comunidade, cujo nome surgiu de uma

barca encalhada). “Utilizamos materiais sustentáveis, como madeira certificada para estrutura e fechamentos, concreto sustentável na fundação, com rejeitos industriais reciclados e sistemas de energia renovável (solar) para parte do consumo. O projeto prevê ainda uma horta orgânica e compostagem para reduzir resíduos e abastecer a cozinha comunitária. Além disso teremos uma plataforma flutuante para acesso ao rio, integrando turismo e logística comunitária”, explica.

Thiago ressalta que a mão de obra será toda local, gerando emprego e renda para a comunidade e a Metodologia de construção será a Building Information Modeling (BIM) para otimizar planejamento, reduzir desperdícios e garantir precisão na execução. “O BIM é uma forma de projetar e gerenciar construções usando modelos digitais 3D, que ajudam a melhorar a eficiência e reduzir erros. Isso nos permitirá simular soluções sustentáveis, como eficiência energética, e integrar diferentes etapas como arquitetura, engenharia e orçamento”, diz Uchôa.



Centro de referência profissional e social

O projeto tem um valor final de R$ 1 milhão, que abrange desde pesquisa de solo, licenças ambientais, construção, equipamento, material de construção e pagamento de pessoal. O projeto criou um financiamento coletivo, o valor de R$ 45 mil para viabilizar estudo de solo e as licenças para construção

“Paralelo a isso, também estamos procurando parceiros para apoiar nessa construção desse dispositivo para comunidade. Não temos nenhum apoio do poder público, o que temos é uma comunidade unida, pessoas que querem contribuir para essa construção e para projeto”, diz Suanne Barreirinhas.

O projeto conseguiu aprovar junto à embaixada da Suíça um recurso na ordem e R$ 35 mil para fazer um “roteiro de cozinha periférica” que prevê formação dos moradores que trabalham com comida na comunidade nas áreas de empreendedorismo, mídias digitais, história e memória. “A formação começou em abril e em junho. Durante a festa junina da comunidade, faremos um concurso dos pratos feitos pelos participantes curso”

Para tornar o projeto realidade, é necessário arrecadar R$ 300.000, 00 numa primeira etapa, que serão destinados às duas primeiras etapas da construção e de planejamento, como estudo do terreno e marés, definição do design com materiais sustentáveis e obtenção das licenças necessárias; além de estudos para fundação e estrutura, como cravação dos pilares com madeira resistente ou concreto, construção do assoalho e levantamento das paredes, portas e janelas com materiais sustentáveis.

Mais que um espaço físico, ela diz que o projeto será um centro de referência profissional, social e ambiental, “integrando projetos comunitários, fomentando o comércio local e o turismo, e promovendo bem-estar e lazer com respeito e valorização da cultura local”

A idealizadora afirma que um mundo melhor se constrói de forma coletiva. “Com o financiamento coletivo, podemos transformar essa ideia em realidade. Nossa campanha é um tudo ou nada! Se não atingirmos a meta, os recursos são devolvidos e o projeto não acontece. Acreditamos que, juntos, podemos fazer essa mudança acontecer! ”, espera.

PARA ENTENDER

 A Vila da Barca é uma comunidade histórica situada às margens da Baía do Guajará, em Belém do Pará. Seu surgimento remonta ao início do século XX, quando ribeirinhos que viviam da caça, pesca e extrativismo começaram a descansar próximos às feiras da cidade. Com o tempo, decidiram se estabelecer no local, construindo os primeiros barracos e dando origem à comunidade.

O nome “Vila da Barca” surgiu quando uma embarcação encalhada na região teve sua madeira reaproveitada para a construção das moradias, simbolizando resiliência e criatividade dos moradores. Hoje, a comunidade abriga cerca de 4.000 pessoas e mantém viva sua conexão com o rio e suas tradições. A comunidade se fortalece por meio de iniciativas culturais, sociais e formativas promovidas por organizações locais, como a Associação dos Moradores e a Comissão Solidária.

Vaquinha

  •  Para participar da Vaquinha Virtual que auxilia o projeto é preciso acessar a plataforma “Benfeitoria” (https://benfeitoria.com /projeto/museu daviladabarca), como doações de qualquer valor a partir de R$ 20,00. Até a última quinta-feira da meta prevista para a primeira arrecadação de R$ 45 mil já haviam sido arrecadados 9.400,00, (21%%), com a doação de 57 “benfeitores”, faltando 24 dias para encerramento da campanha.

Compartilhe

Descrição da imagem

Mais Acessadas

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Descrição da imagem