Para quem vive a paixão por um clube, a frase “não é só futebol” pode até soar como clichê. Mas para Sarah Beatriz, de 18 anos, essa sentença carrega um significado profundo e verdadeiro.
Diagnosticada com uma doença rara e sem cura: a neurofibromatose, um grupo de distúrbios genéticos que causam o crescimento de tumores ao longo dos nervos, podendo ocorrer em qualquer parte do corpo.
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Sarah já passou por três cirurgias delicadas e enfrenta uma nova batalha: um procedimento de altíssimo risco na medula cervical. Mesmo diante de tantas dores e incertezas, ela mantém o sorriso no rosto e uma paixão inabalável pelo Paysandu.
“O amor dela pelo Paysandu começou por mim, mas o amor dela é coisa surreal. Sabe todos os hinos e músicas, conhece todos os jogadores, gosta de ser técnica e dar palpite nas substituições, quem deve sair e entrar. Ela entende de tudo. Todo jogo do Paysandu, dá meia-noite e ela posta ‘Hoje tem jogo do Paysandu’. A paixão passou de mãe para filha, mas passei a amar mais ainda por causa dela. As pessoas à nossa volta são remistas e começaram a torcer pelo Paysandu por causa dela”, contou Vanessa Oliveira, mãe de Sarah.
Carinho do ídolo
Com a nova luta pela vida marcada para o próximo dia 6 de maio, Vanessa, de 40 anos e moradora do bairro da Pedreira, em Belém, tinha o sonho de que a filha recebesse o carinho do clube do coração.
Após meses de tentativas e apelos, Vanessa conseguiu o tão aguardado carinho para a filha. Isso porque o goleiro Matheus Nogueira tratou de fazer uma visita especial e surpresa na casa da família, emocionando a todos os presentes e mostrando que futebol vai muito além das quatro linhas.
“Desde que eu soube que ela passaria por essa cirurgia, eu tinha medo do pós… Ela nunca foi para um jogo do Paysandu. Mandei mensagem e e-mail para o clube levá-la para o jogo, porque eu tinha medo de ela nunca ver o time do coração jogar. Mandei mensagem para um monte de gente.
O Zé Augusto me respondeu, mas depois não falou mais nada e eu chorei bastante. Fiquei frustrada. Ela não sabia de nada. Não daria mais tempo de levar ao jogo porque já está perto da cirurgia. Aí passei a querer um vídeo. Eu dizia, ‘poxa, meu Deus, isso pode não ser nada para as pessoas, mas para mim é muito’.
Nesse mesmo dia, apareceu uma publicação do Paysandu e eu comentei. Uma moça falou que conhecia o preparador de goleiros. Ele disse que ia falar com o Matheus Nogeueira. Antes do treino, ele disse que ia tentar vir e eu disse que ‘já deu certo’. Quando deram 7h, ele mandou mensagem dizendo que estavam vindo”, destacou Vanessa em entrevista exclusiva ao DOL.
Veja o vídeo:
Primeiros sintomas aos 15 anos
“A Sarah, quando estava com 15 anos, eu estava levando-a para a escola e ela perdeu o equilíbrio. Eu e o pai dela levamos ao neurologista e ele passou uma ressonância. Contou que ela tinha um tumor na cabeça. Na época, parecia ser do tamanho de um limão. Ela operou e, quando o médico viu, o tamanho era de uma laranja. Ela ficou com um pouco de sequelas no lado esquerdo, mas ela ainda andava.
Um ano depois, em 2023, larguei o meu emprego, pois ela não evoluía. Fomos em uma viagem ao Marajó e depois do banho de praia ela não conseguia mais andar direito. Pensei que foi devido ao esforço, às ondas, voltamos ao neurologista e ele nos pediu outro exame. Constaram tumores na lombar, na dorsal e na cervical.
Ela tem uma doença chamada neurofibromatose, que não tem cura. Ela precisava operar e levamos novamente. Fez duas cirurgias em um mês. Primeiro na cervical e depois na dorsal, já dentro da medula. Eles cortaram e a médica falou que ela talvez não sentisse mais as pernas. Ela não anda mais, porém, surpreendendo a todos, ela mexe as pernas. Agora, nos novos exames, apareceram outros tumores, na cabeça e na cervical.
Sara vai fazer uma cirurgia de altíssimo risco, pois precisará cortar a medula na cervical. Mas Deus é conosco e ela é uma menina de ferro, com o sorriso lindo, uma fé incrível e a força dela nos dá força”, concluiu Vanessa.