Cintia Magno, de Baku – O hall das plenárias na COP29, que vem sendo realizada em Baku, no ficou tomado por representantes da sociedade civil organizada que se reuniram no sábado (16) para exigir que as negociações avancem. Entre as reivindicações demandadas por organizações de diferentes regiões do mundo, a definição de uma nova meta para o financiamento climático foi o destaque.
As manifestações tiveram início em uma das plenárias, dentro do período autorizado pela organização da COP. No local, os manifestantes revezavam o tempo de fala para cobrar que não apenas a nova meta de financiamento fosse definida, mas que o volume de recursos aprovado passe dos bilhões para os trilhões. “Trilhões, não bilhões”, gritavam. Depois os ativistas seguiram para o hall das plenárias e mantiveram uma manifestação silenciosa.
Desde antes de 2015, o valor estabelecido para a meta de financiamento foi de 100 bilhões de dólares anuais. Porém, o Acordo de Paris estabelece que uma nova meta quantificada global para financiamento climático (NCQG) tem que ser negociada antes de 2025 para começar a valer já nos anos seguintes. E é exatamente este o momento que se estabelece na COP29.
Na prática, o financiamento climático é um fundo internacional de recursos financeiros que deve ser financiado pelos países desenvolvidos e destinado aos países em desenvolvimento para aplicação em ações de transição energética e adaptação. Apesar de ser um dos focos centrais da cúpula do clima, a COP29 caminha para o fim da sua primeira semana sem grandes avanços nas negociações sobre o tema.
Coordenador Regional para a América Latina e Caribe da Campanha Global para Exigir Justiça Climática, o chileno Eduardo Amtmann destacou que a manifestação teve como objetivo central exigir maiores avanços nas negociações da conferência do clima deste ano. “Não há progresso nem expectativas de que os países ricos, que têm uma dívida climática com o Sul Global, tenham a disposição e a vontade política e econômica de financiar o enfrentamento da mudança climática, as perdas e danos, e também o enfrentamento da adaptação e mitigação no Sul Global, nos países mais afetados, o que obviamente incluem os países da América Latina e do Caribe”.
A maior responsabilização dos países mais ricos está relacionada ao fato de eles serem os maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta. Mas, apesar disso, não são eles os que mais sofrem as consequências da crise climática. Portanto, o entendimento é de que os países mais ricos são os que têm a responsabilidade histórica de pagar para que os países mais pobres e mais afetados pelas mudanças climáticas possam financiar medidas de adaptação e mitigação.
Natural de Nairóbi, no Quênia, o jovem ativista pela justiça climática Eric Njuguna reforça que nesta que é a COP do financiamento, o que se espera é que os negociadores consigam avançar na decisão de quanto os países em desenvolvimento deverão receber em termos de financiamento climático. E ele lembra que essa escala precisa alcançar os trilhões de dólares. “Os governos devem decidir quanto os países do Sul Global devem receber em termos de financiamento climático. E nós, como sociedade civil, estamos pedindo um volume de 5 trilhões de dólares para apoiar os países do Sul Global em mitigação, adaptação e perdas e danos”, considera. “Precisamos que os líderes do Norte Global paguem, e na escala dos trilhões. Precisamos desse dinheiro porque os países do Sul Global não deveriam ter que pagar aos países do Norte Global pela crise. Por isso que o financiamento climático é uma questão de justiça climática”. (A repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade – ICS)
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