A decisão do Real Madrid de boicotar a entrega da Bola de Ouro tem um subtexto político: uma velha briga entre o poderoso clube espanhol e a Uefa, a confederação europeia de futebol, que organiza a Bola de Ouro em parceria com a revista francesa France Football.
Em 2021, o Real Madrid liderou uma rebelião de 12 grandes clubes europeus para criar uma Superliga, que, na prática, substituiria a Champions League -organizada pela Uefa. O novo torneio teria 20 participantes, dos quais 15 “fundadores” com vagas vitalícias.
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O anúncio da criação da Superliga, vista como elitista e excludente, despertou forte reação negativa de dirigentes e comentaristas de futebol. Seus idealizadores foram obrigados a recuar em questão de dias.
A Uefa saiu vitoriosa do embate e aplicou uma multa aos rebeldes. Porém, cedendo em parte à pressão dos clubes mais ricos, mudou este ano a fórmula da Champions League. Ela ficou mais parecida com uma Superliga, com 36 times na primeira fase, em grupo único, disputando oito partidas.
Desde então, a relação entre o Real Madrid e a Uefa esfriou. Segundo a imprensa europeia, o clube espanhol não descarta um complô para tirar a Bola de Ouro de Vinicius Júnior. A decisão do time espanhol de não liberar nenhum de seus atletas para o evento teria como pano de fundo a informação recebida nos bastidores de que o brasileiro não seria o ganhador.
Nenhum representante do time espanhol comparecerá à cerimônia, que começa no teatro do Châtelet, em Paris, às 20h45 locais (16h45 de Brasília).
“Se os critérios do prêmio não proclamam Vinicius ganhador, esses mesmos critérios deveriam proclamar Carvajal ganhador. Como isso não acontecerá, é óbvio que a Bola de Ouro-UEFA não respeita o Real Madrid. E o Real Madrid não está onde não é respeitado”, declarou o clube à AFP.
Segundo a imprensa espanhola, a ordem no clube é que, para o Real, a Bola de Ouro deixa de existir.
A delegação do Real Madrid na cerimônia teria nada menos que 50 pessoas. Um avião estava à espera na pista do aeroporto de Barajas, em Madri, para decolar à tarde, mas o voo foi cancelado, segundo o Marca.
“Nenhum jogador ou clube sabe quem é o ganhador”, disse a organização da Bola de Ouro à AFP.
MUDANÇA NA PONTUAÇÃO
A Bola de Ouro existe desde 1956. Para se chegar ao eleito o melhor do mundo, a revista francesa elabora uma pré-lista com 30 nomes, que são então avaliados por um júri composto por jornalistas de países cujas seleções estejam entre as cem primeiras no ranking da Fifa.
Neste ano, houve uma novidade. Cada jornalista indicou dez nomes em ordem de preferência. Cada indicado recebe uma pontuação:
1º ganha 15 pontos, 2º ganha 12, 3º ganha 10, 4º ganha 8, 5º ganha 7, 6º ganha 5, 7º ganha 6, 8º ganha 3, 9º ganha 2, 10º ganha 1. O formato representa uma mudança em relação ao formato anterior, quando cada jurado indicava cinco jogadores.