NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A substituta de Jean Paul Prates no comando da Petrobras, Magda Chambriard, é engenheira e ex-funcionária da estatal. Comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) durante o governo Dilma Rousseff.
É vista pelo mercado como um quadro de perfil mais nacionalista do que Prates, que tentou equilibrar sua gestão atendendo a promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sem assustar investidores privados.
Chambriard ingressou na ANP ainda no primeiro governo Lula, em 2002, como assessora da diretoria. Ocupou diversas funções na agência até assumir a diretoria-geral em 2012, no governo Dilma. Ficou apenas quatro anos, sendo substituída por Décio Oddone no governo Michel Temer.
Sua gestão foi marcada pela retomada dos leilões de áreas para exploração e produção de petróleo no país, cinco anos após suspensão justificada pela descoberta do pré-sal e a necessidade de adequar as regras à oferta de reservas gigantes no país.
Foi marcada também pelas investigações de um dos maiores desastres provocados pelo setor de petróleo no país, o vazamento de petróleo durante perfuração de um poço da americana Chevron, na Bacia de Campos.
Após o acidente, Chambriard iniciou uma ofensiva por reforços na segurança operacional de plataformas de produção de petróleo no país, com a aplicação de elevadas multas sobre as empresas, o que lhe rendeu desavenças com o setor.
Também focou a fiscalização do cumprimento de obrigações contratuais de conteúdo local, que determinam as compras de bens e serviços no país, outro foco de divergências com as petroleiras.
A demissão de Prates foi comunicada ao executivo em reunião no fim da tarde, com a presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), com quem Prates vinha tendo desentendimentos públicos desde o início de sua gestão.
A Petrobras confirmou a informação em nota divulgada à noite. No texto, afirma que recebeu de Prates solicitação para convocação do conselho de administração para “apreciar o encerramento antecipado de seu mandato”.
Após a notícia, os ADRs (recibos de ações brasileiras negociadas nos EUA) da Petrobras recuavam cerca 7% nas negociações pós-mercado americanas.
Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Silveira à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com Lula.
Nesta terça, sem a presença de Prates, a direção da estatal participou de eventos com analistas de mercado e jornalistas para detalhar o resultado do primeiro trimestre de 2024, quando a empresa apresentou recuo de 38% no lucro, para R$ 23,7 bilhões.
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