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sábado, novembro 23, 2024
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Produção de Hidromel Uruçun é sucesso na Amazônia

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Nesta sétima matéria da 4ª edição do projeto “Você Empreendedor”, projeto que o DIÁRIO DO PARÁ desenvolve para mostrar que participar da 30ª Conferência das Partes, a COP30, como empreendedor, pode ser uma oportunidade única para contribuir com soluções sustentáveis e inovadoras para os desafios ambientais globais, a produção de uma bebida 100% amazônica desenvolvida no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) do Guamá é sinônimo de renda para centenas de comunidades da agricultura familiar.

Há seis anos, em meio a um estudo sobre a cadeia produtiva das abelhas sem ferrão em diversas comunidades do interior do estado, a engenheira de produção Ana Lídia Zoni, vinculada à Embrapa Amazônia Oriental, acabou criando uma solução lucrativa, sustentável e de valorização da indústria de base para o escoamento do mel produzido por elas, que por ter 40% a mais de água do que o mel produzido pelas abelhas com ferrão e um teor de acidez mais alto, era de difícil comercialização: uma versão 100% amazônica do hidromel, catalogado como a bebida alcoólica mais antiga do mundo e que tem como base mel, água e levedura.

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A ideia deu tão certo que hoje ela, por meio de duas empresas incubadas dentro do PCTGuamá, produz cerca de cinco mil litros da bebida por ano, e ainda em 2024 quer chegar aos 25 mil litros. O “Hidromel Uruçun” é o resultado da oportunidade de negócio que Ana Lídia enxergou após estudar a cadeia produtiva da meliponicultura, que é a atividade de criação de abelhas sem ferrão – oportunidade essa que foi inclusive reconhecida recentemente pelo Prêmio Professor Samuel Benchimol de empreendedorismo consciente, concedido pelo Banco da Amazônia em solenidade realizada no último dia 22 de novembro na capital de Roraima, Boa Vista.

Para esta produção, ela conta com o apoio de mais de 100 famílias da agricultura familiar de diferentes municípios paraenses, o que envolve o trabalho de quase três mil pessoas assistidas por órgãos como Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), pela própria Embrapa e que obtém renda de pelo menos um salário mínimo com uma atuação que não apenas preserva o meio ambiente, mas o multiplica.

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“Vi uma lacuna de mercado e decidi comprar esse mel e transformá-lo em hidromel. Há 30 anos essas abelhas sem ferrão estavam em extinção e desde então vem sendo feito um trabalho para mantê-las, então fico muito feliz em favorecer essa cadeia. As abelhas são responsáveis por 85% de toda a base de cadeia vegetal do mundo, então por que não apoiar um negócio desse, já que a gente trabalha com a bioeconomia, com a defesa da natureza? A gente batalha não só para manter a floresta em pé, mas para multiplicar a floresta, a gente trabalha com lado social, ambiental e econômico, porque é totalmente sustentável, e pela polinização as abelhas ajudam a aumentar em até 40% a produção de açaí ou de outras plantas. São vários os ganhos, a gente consegue beneficiar mulheres, mães chefes de família”, elenca a pesquisadora e CEO da Hidromel Uruçun. O projeto hoje também é acelerado pelo BNDES Garagem, validando a excelência no trabalho desenvolvido e impacto positivo na Amazônia.

A produção da bebida começou oficialmente em 2020, e atualmente Ana Lídia trabalha com outras quatro pessoas nas empresas dentro do PCT Guamá. “Conseguimos dar vazão a esse mel garantindo um produto de qualidade, diferenciado de outros que já haviam no mercado com base no jambu, por exemplo. O hidromel está nos melhores pontos de Belém, participou de três internacionalizações. A gente consegue valorizar a indústria de transformação quando o que a gente vê são matérias primas saindo daqui. Trabalhamos com os insumos amazônicos e garantir que a renda permaneça aqui”, enaltece, contando que a importação da bebida começou em 2022 e não parou mais.

Ana Lídia Atua no mercado internacional desde 2022, quando participou do Programa de Qualificação para Importação, ofertado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e desde então participa de missões fora do país em programas do Sebrae nacional, como o Inova Amazônia. Em 2023 ficou entre as seis empresas brasileiras a participar do SA Innovation Summit em Capetown, na África do Sul, e integrou ainda a feira Expocomer, no Panamá, em março deste ano, presente no pavilhão Apex Brasil. Neste ano de 2024 participou das rodadas internacionais de bebidas com a participação da Lac Flovours, da Missão Africa Big7, da e do Exporta Mais Brasil Bebidas em Palmas (TO) e Amazon Trade, realizada na capital paraense.

Enquanto mulher e pesquisadora, ela afirma que há muitas outras potencialidades a serem descobertas e acredita que a academia pode se envolver mais nisso, ainda mais em vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, em Belém. “A gente vem fazendo convite a quem está nas universidades que pesquise mais, que se disponha a descobrir todas as riquezas que temos. Estamos vivendo esse cenário favorável por causa da COP 30, então é hora de se preparar porque temos muita coisa boa, temos muito apoio do PCT, dos editais de governo. Para quem tem curiosidade, tem expertise, e de repente quer desenvolver um produto, esse é o momento”, indica Ana Lídia.

E antecipa que sua expectativa para COP30 é de estar entre as dez startups de impacto mais bem citadas e com a participação em todos os onze dias de evento. “Estamos preparados para atender a demanda que está chegando com a Conferência”, garante Ana Lídia. “Eu acho que o movimento da COP30 vem para engrandecer o estado e a todos os empreendedores que estão inseridos nele. Uma grande oportunidade de crescimento, de mostrar o que a gente tem de bom e ampliar nossas vendas”, avalia a engenheira de produção.

Projeto

você empreendedor

A 4ª edição do “Você Empreendedor” conta com 12 reportagens publicadas desde 10 de novembro sempre aos domingos, terças e quintas, com a última publicação prevista para 5 de dezembro.



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