Na estreia da Série B do Campeonato Brasileiro, Paysandu e Athletico-PR se enfrentam nesta sexta-feira (4), às 21h, no Mangueirão. Mas, antes mesmo da bola rolar, o duelo já foi marcado por um velho e recorrente problema: o preconceito contra o futebol do Norte do país.
Em um comentário que viralizou nas redes digitais, um blogueiro paranaense menosprezou o Paysandu e os jogadores, classificando a equipe como “assustadora” e afirmando que a vitória do Athletico seria “obrigatória”, sem chance para surpresas.
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Em tom debochado, listou nomes do elenco bicolor como se a história e o esforço de atletas de clubes de fora do eixo Sul-Sudeste valessem menos por agora vestirem a camisa de um time nortista. A fala, carregada de soberba e ignorância, não é um caso isolado.
Ela escancara o abismo de respeito e visibilidade que ainda separa o futebol do Norte das grandes vitrines nacionais. Clubes como Paysandu e Remo, donos de torcidas apaixonadas e histórias centenárias, seguem sendo tratados como exceções folclóricas.
“No ano pós-centenário, estamos vindo aqui fazer análise do Paysandu. Com todo respeito, vi a escalação do Paysandu no último jogo e é assustador. Os jogadores que são destaques… Matheus Vargas foi chutado da Ponte Preta, do Avaí, do Fortaleza… Bryan Borges era o lateral-esquerdo que é destro e foi chutado do Náutico, da Chapecoense… Vão me desculpar, mas isso não tem a menor condição. Borasi, Tambaqui, e não sei o que lá li. Vamos ganhar de 2 a 0. Acabou! Três pontos na Curuzu. Não tem conversa. Não existe! Sei que é o primeiro jogo, mas não tem a menor condição. O Paysandu é muito abaixo da média. Está tudo pronto. Qual a desculpa para não ganhar do Paysandu? Tem que ganhar”, disse o torcedor veiculado a um portal que fala do Athletico.
Em campo, estará também o orgulho de um povo que, há muito tempo, aprendeu a vencer o preconceito com raça, paixão, “flechadas” (quem não se lembra de Robgol e Zago?) e calando os “sulistas”. O atacante Rossi, do Papão, falou sobre o assunto.
“Vamos tentar responder dentro de campo, respeitando os jogadores do Athletico Paranaense. Porém, nós que somos do norte, eu principalmente por sair cedo de casa, já senti esses times de comentários vindo do pessoal do sul, sudeste. Todas às vezes que fui afrontado, tentei responder jogando bola e é o que vamos buscar fazer no Mangueirão, com apoio do nosso torcedor. A gente conta muito com isso. Pois quando estão do nosso lado, nos fortalecemos. Vamos responder essas declarações jogando bola e não falando, pois só estaríamos nos colocando no mesmo nível deles”, disse o atacante.
