As vaias a Novak Djokovic após recusar participar da entrevista em quadra, momentos depois da vitória sobre o tcheco Jiri Lehecka, formam mais um capítulo da relação atribulada entre o tenista sérvio, o Australian Open e o país sede. Tudo começou na pandemia de Covid-19, quando o atleta chegou a ser deportado do país oceânico.
Pouco depois da polêmica, Djokovic explicou o motivo pelo qual decidiu não realizar o bate-papo. Segundo o tenista, o boicote teve a ver com comentários feitos pelo jornalista Tony Jones.
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“Alguns dias atrás, o famoso jornalista esportivo que trabalha para a emissora oficial aqui na Austrália zombou dos fãs sérvios e também fez comentários insultuosos e ofensivos contra mim. Desde então, ele escolheu não emitir nenhum pedido público de desculpas, nem o Canal 9”, esclareceu.
“Como são emissoras oficiais, escolhi não dar entrevistas para o Canal 9. Não tenho nada contra Jim Courier ou o público australiano. É lamentável”, continuou, Djokovic, que afirmou que seguirá o boicote até ouvir o pedido de desculpas.
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Deportado em 2022
No início de 2022, a polêmica entre Djokovic e Austrália ganhou seu primeiro episódio. O tenista tentou entrar no país para disputar o Australian Open sem o comprovante da vacina contra a covid-19, exigida a todos os viajantes.
Djokovic entrou na Austrália no dia 5 de janeiro de 2022 sem se vacinar, apresentou uma isenção médica e alegou que testou positivo para covid-19, em 16 de dezembro.
Ao desembarcar no aeroporto, ele foi parado pela polícia alfandegária por não apresentar todos os documentos necessários para justificar a entrada no território australiano.
Na época, o ministro da Imigração, Cidadania, Serviços a Imigrantes e Relações Multiculturais da Austrália, Alex Hawke, usou o seu poder pessoal para cancelar o visto de Djokovic.
A defesa do tenista, então, entrou com um recurso para que ele pudesse permanecer no país e disputar o Australian Open, mas perdeu na Justiça e foi deportado em 16 de janeiro.
“Fica contigo para o resto da vida”
No fim de 2022, Djokovic embarcou novamente à Austrália para a disputa do mesmo torneio e desabafou sobre o que viveu na última edição.
“Você não pode esquecer eventos assim. É uma daquelas coisas que grudam em você. Isso fica contigo para o resto da sua vida. É algo que eu nunca vivi antes e espero nunca mais viver. Mas é uma experiência valorosa para mim. Eu preciso seguir em frente. Voltar à Austrália mostra como eu me sinto em relação a esse país e como me sinto ao jogar aqui”, disse Novak Djokovic.
Já com o torneio em andamento em 2023, o diretor do Aberto da Austrália, Craig Tiley, diante da possibilidade de alguns espectadores demonstrarem sonoramente seu descontentamento contra o atual número 5 do mundo, lançou uma advertência: “Se perturbarem o prazer dos outros espectadores, serão expulsos”, disse ao jornal Herald Sun.
Torcedores expulsos
Um grupo de três espectadores tirou a paciência de Novak Djokovic durante partida contra Enzo Couacaud, pela segunda rodada do Austrália Open em 2023. O sérvio foi ao árbitro para solicitar a retirada desses torcedores da Rod Laver Arena.
Djokovic se queixou do barulho dos torcedores ao longo do jogo. Em um momento do terceiro set, antes de o sérvio sacar, um espectador começou a falar e outro o mandou “calar a boca”. O tenista agradeceu ao fã irritado com a distração.
No set seguinte, Djokovic perdeu a paciência e decidiu conversar com o árbitro.
“O cara está bêbado, fora de si. Desde o primeiro ponto ele está provocando. Ele não está aqui para assistir tênis, só quer entrar na minha mente. Então eu te pergunto (ao árbitro), o que você vai fazer sobre isso? Você o escutou pelo menos dez vezes, eu escutei cinquenta. O que vai fazer?”, disse Novak Djokovic
“Não sou antivacina”
Em maio de 2023, Djokovic negou ser antivacina ao relembrar dos episódios que viveu na Austrália.
“Eu sofri na minha pele, muitas pessoas apreciaram que eu permaneci constante. 95% do que foi escrito e dito na televisão sobre mim nos últimos três anos é completamente falso. Não sou antivacinação e nunca disse que sou, nem sou pró-vacina. O que sou é pró-escolha, defendo a liberdade de escolha. É um direito humano fundamental ser livre para decidir quais coisas injetar no corpo e quais não. No meu retorno da Austrália, expliquei isso na BBC, mas eles retiraram muitas frases, aquelas que não eram apropriadas. É por isso que nunca mais falei sobre essa história”, disse.
“Envenenado”
No início de janeiro deste ano, Djokovic afirmou que foi “envenenado” com chumbo e mercúrio durante sua breve retenção na Austrália em 2022, antes de ser deportado do país.
“Tive alguns problemas de saúde. E me dei conta de que nesse hotel de retenção me deram comida que me envenenou”, disse o tenista de 37 anos em uma longa entrevista à revista GQ publicada na quinta-feira (9).
“Descobri coisas quando voltei à Sérvia. Nunca disse isso a ninguém publicamente, mas descobri que tinha um nível muito alto de metais pesados. Tinha chumbo, um nível muito alto de chumbo e mercúrio”, explicou.
Perguntado sobre se acreditava que sua comida havia sido contaminada, o sérvio respondeu: “É a única forma”.