O futebol tem suas dinâmicas peculiares e a paciência com treinadores nem sempre é uma virtude nos clubes brasileiros. A rápida demissão de Márcio Fernandes pelo Paysandu, ainda no início da temporada 2025, levantou questionamentos sobre os critérios utilizados para a troca no comando técnico. Em entrevista ao radialista Giuseppe Tommaso, da Rádio Clube do Pará, que será exibida na íntegra na noite desta terça-feira (11) no canal Tomazão TV no YouTube, o ex-treinador expôs os bastidores de sua saída e contestou os argumentos apresentados pela diretoria bicolor.
De acordo com Fernandes, o principal motivo alegado pelo executivo Felipe Albuquerque para sua demissão foi a falta de evolução da equipe nos primeiros jogos do ano, especialmente a derrota para o Santa Rosa e o empate com o Bragantino, ambas pelo Parazão, além da classificação no sufoco contra o modesto Porto Velho-RR, na Copa Verde.
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No entanto, o treinador discorda da avaliação e apontou desempenhos sólidos, como a conquista da Supercopa Grão-Pará e a vitória de virada sobre a Tuna Luso, mesmo com um jogador a menos. “Tirando o primeiro jogo em que a equipe performou bem e conseguimos o título (da Supercopa Grão-Pará), que foi com a Tuna, no restante ele achou que a equipe não teve uma performance muito boa”, afirmou.
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GRAMADOS RUINS DO PARAZÃO
Além dos resultados, Fernandes citou as dificuldades impostas pelos gramados da Curuzu e de outros estádios paraenses como um dos fatores que prejudicaram o rendimento técnico do time. “O único jogo em que a gente jogou com condições legais para os nossos jogadores, que são jogadores técnicos, renderem foi o primeiro jogo (final da Supercopa Grão-Pará, no Mangueirão). Então, tudo que ele (Felipe Albuquerque) falou não condiz com o que foi apresentado. Nos outros jogos, a performance não foi tão boa assim porque também o campo não deu as condições”, argumentou.
MONTAGEM DO ELENCO
Outro ponto levantado pelo treinador foi a falta de autonomia na montagem do elenco, alegando que teve pouca influência nas contratações. “E eu falei pra ele: ‘Veja bem, o único jogador que eu indiquei aqui e vocês contrataram foi o Marlon. Eu indiquei um outro, que foi o Aldo, mas aí não houve um acerto. Fora isso, nenhum outro jogador foi uma indicação minha’.”
FALTA DE TEMPO E INCOERÊNCIA
Por fim, Márcio Fernandes criticou a falta de tempo para consolidar seu trabalho e a inconsistência da decisão da diretoria. “Então, 45 dias é muito pouco pra você receber o grupo que está chegando, fazer esses jogadores entenderem o sistema de que a gente queria e colocar em prática. Agora que chegou um zagueiro, um volante, você está me mandando embora. Então, foi muita incoerência essas coisas colocadas (pelo executivo do Paysandu)”, desabafou.
A troca no comando técnico evidencia a pressão pela rápida obtenção de resultados no Paysandu, que busca uma temporada vitoriosa na Série B. Agora, Luizinho Lopes assume a missão de dar continuidade ao projeto bicolor, enquanto Fernandes deixa o clube questionando se teve, de fato, tempo e condições adequadas para desenvolver seu trabalho.