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quarta-feira, novembro 27, 2024
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Atlético x Botafogo: SAFs erguem finalistas da Libertadores

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A final da Libertadores 2024 colocará frente a frente, pela primeira vez, duas SAFs em uma decisão continental.

Com raízes diferentes, mas com a sigla que indica um novo modelo de administração (empresa), Botafogo e Atlético-MG conseguiram se alavancar até o Monumental de Núñez, em 30 de novembro.

Independentemente do lado que ganhe, já será responsável por um marco na gestão esportiva do Brasil.

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Não que o modelo deles seja perfeito, infalível ou irrepreensível. Mas indica que os clubes que conseguiram se organizar (financeira ou esportivamente) ainda no modelo associativo ganharam um leque mais amplo de concorrência.

Flamengo e Palmeiras, que polarizaram quatro dos cinco títulos anteriores, vieram nessa linha: reestruturação financeira e times fortes como consequência.

O Fluminense não tem a mesma pujança econômica, mas aplicou uma combinação que envolveu elenco cascudo e o estilo de jogo ímpar que deu liga com Fernando Diniz.

Agora, é a vez dos alvinegros, que abriram os cofres, com origens diferentes, receberam investimento – ainda que isso significa aumento de dívida – para colher o fruto esportivo.

Tanto Galo quanto Botafogo fecharam 2023 entre os líderes de endividamento no futebol brasileiro, segundo relatório da consultoria Convocados, feita pelo economista Cesar Grafietti.

No consolidado com o passado associativo, o Botafogo tinha a segunda maior dívida (R$ 1,3 bilhão), ficando atrás só do Corinthians. O Galo foi o terceiro, com R$ 998 milhões -considerando os números de dezembro de 2023.

“O Botafogo é um caso de aumento de alavancagem em busca de competitividade”, resume Grafietti.

Nesta sexta-feira (1) finalistas da Libertadores, Botafogo e Atlético-MG passam longe de serem os clubes de maior receita do Brasil. O Flamengo fechou o ano passado na casa do R$ 1,3 bilhão. O Palmeiras espera romper a marca do bilhão pela primeira vez neste ano. O Galo foi o sétimo em arrecadação em 2023 (R$ 446 milhões). O Botafogo, 12º (R$ 355 milhões).



O FILHO DE DESTAQUE DE TEXTOR

No caso do Botafogo, a ascensão veio de forma relativamente rápida. É o terceiro ano da presença de John Textor como dono da SAF. O segundo em que ele disputa o título brasileiro. E o primeiro, em toda a história do clube, com o Botafogo na final da Libertadores.

O clube foi um dos que fizeram parte da primeira geração de SAFs no Brasil, depois da aprovação da lei. Cruzeiro e Vasco foram contemporâneos.

Em termos esportivos, o Botafogo é o filho que mais se destaca – guardadas as devidas proporções da variação cambial – na família da Eagle Holding de Textor. Os “irmãos” são Lyon (França), Molenbeek (Bélgica) e o Crystal Palace (Inglaterra) – cuja participação de 45% Textor colocou à venda.



O cartola tem usado a rede de multi-clubes para fazer o dinheiro circular. Por isso, conseguiu deixar o elenco do Botafogo ainda mais forte – vide as chegadas de Luiz Henrique e Almada. E há de se reconhecer os acertos do departamento de scouting, encabeçado por Alessandro Brito.

O Botafogo saiu do título da Série B 2021 (ainda sem Textor) para a final continental de 2024.

“Foi fundamental para a gente chegar onde está chegando nesta sexta-feira (1). Isso não seria possível no modelo associativo, porque o clube estava com uma situação financeira muito ruim. Eu estava organizando, mas não tinha dinheiro, é simples assim. Era muita penhora, muito bloqueio de receita, e a receita é muito pequena. Nesta sexta-feira (1), a gente voltou a ser um dos protagonistas do futebol brasileiro. Isso aqui é o grande mérito que a SAF trouxe”, disse ao UOL o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, que passou o controle do futebol para Textor.

O Botafogo estima que neste ano alcançará uma receita recorde, considerando os números do clube. Algo na casa dos R$ 570 milhões. Mas esse número só será confirmado oficialmente em abril de 2025.

A diretoria entende que, com as próprias pernas, o alvinegro pode bater futuramente a marca dos R$ 650 milhões de arrecadação.



DE ‘MECENAS’ A INVESTIDOR

A SAF do Atlético-MG nasce em um contexto diferente. O Galo não precisou cair no fundo do poço esportivo/administrativo para mudar seu modelo de gestão – embora o endividamento tenha crescido nos anos passados.

O clube já tinha feito um movimento de alavancagem que resultou no título do Brasileirão e da Copa do Brasil em 2021. Dentro de campo, Hulk é o símbolo dessa fase – mas o Galo investiu em outros nomes, como Paulinho e Scarpa.



Administrativamente, o Galo já contava com o aporte dos 4Rs: os empresários Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador.

“O Atlético-MG tinha dívidas que já iniciavam um momento de redução por ter se transformado em SAF, mas havia sido turbinada por aqueles que agora são acionistas. Foi, de certa forma, uma espécie de ‘adiantamento de capital'”, descreve o economista Cesar Grafietti.



Mas a transformação em SAF, em novembro de 2023, formalizou o controle deles na gestão.

No papel, nasceu a Galo Holding, que passou a ser dona de 75% das ações ligadas ao futebol. A controladora é composta pela família Menin, Ricardo Guimarães e dois fundos de investimento (FIGA e FIP).



Na Libertadores, a geração de Hulk já tinha batido na trave em edições anteriores – literalmente -, ficando pelo caminho diante do Palmeiras em 2021, por exemplo.

Agora, nova tentativa no âmbito continental para repetir a conquista de 2013.



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