A moda sustentável tem ganhado cada vez mais espaço no cenário global, e no Pará, essa tendência se traduz em um projeto que vai além da estética: transforma vidas. O “O Pará Virou Moda”, iniciativa da Organização Social sem fins lucrativos, atua desde 2006 promovendo a reinserção social de egressos do sistema penitenciário e mulheres vítimas de violência, oferecendo uma nova oportunidade de recomeço por meio da capacitação profissional em corte e costura.
Idealizado pelo estilista paraense Tony Palha e pelo produtor cultural Tiago Gomes, o projeto tem parceria com a Fábrica Esperança, onde são realizadas oficinas que capacitam essas mulheres, devolvendo a elas dignidade e novas oportunidades no mercado de trabalho, e com uma concessionária de energia, que doa uniformes que seriam descartados, permitindo que os materiais sejam transformados em peças de alta-costura, como vestidos, saias, casacos e acessórios, utilizando técnicas de customização e reaproveitamento.
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Moda que transforma
Mais do que ensinar uma nova profissão, o projeto ajuda essas mulheres a reconstruírem suas vidas, resgatando a autoestima e proporcionando uma chance real de reintegração social.
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As peças criadas não são comercializadas, mas ganham visibilidade em desfiles que mostram a criatividade e o talento das participantes. Os eventos servem como uma vitrine do projeto, atraindo novos parceiros e ampliando as oportunidades para as mulheres envolvidas.
Quem é Tony Palha?
Natural de Vigia, no nordeste do Pará, Tony Palha sempre sonhou grande. De origem humilde, encontrou em Belém o primeiro passo para explorar seu talento criativo. Formado em Arquitetura e Urbanismo, percebeu que sua verdadeira vocação estava na moda, onde poderia unir arte, personalidade e movimento.
A busca por novos desafios o levou a São Paulo, onde trabalhou com o renomado estilista Denner Pamplona, uma experiência transformadora que abriu portas para sua carreira internacional. Na Europa, trabalhou com marcas icônicas como Valentino e Dolce & Gabbana, além de assinar figurinos para artistas como Elton John e Shirley Bassey.
De volta ao Brasil, Tony consolidou seu nome no cenário nacional, vestindo celebridades como Juliana Paes e Rosamaria Murtinho. Suas criações sempre tiveram uma forte conexão com a sustentabilidade, como o icônico vestido de noiva feito com sacos de lixo tingidos, peça que lhe rendeu prêmios e reconhecimento global.
Em 2004, apresentou suas criações no African Fashion Show, promovido pela ONU na Suíça, e em Milão exibiu peças feitas com sacos de juta de café, estampados com o selo “Made in Brasil”.
Reconhecimento internacional
O impacto social e ambiental da iniciativa já conquistou reconhecimento além das fronteiras do estado. Em junho de 2024, Tony Palha recebeu um prêmio em Roma, na Itália, por sua contribuição ao desenvolvimento social e cultural da Amazônia por meio da moda sustentável.