A TV Globo anunciou a demissão do jornalista Rodrigo Bocardi, que estava na emissora há quase 25 anos. A decisão surpreendeu tanto o público quanto os colegas de redação, já que, horas antes do comunicado oficial, Bocardi ainda estava no ar apresentando o Bom Dia São Paulo, sem qualquer indício de que aquele seria seu último dia na bancada.
De acordo com a nota divulgada pela Globo, o afastamento foi motivado por “descumprimento de normas éticas”. No entanto, a emissora não forneceu detalhes sobre quais regras foram infringidas, mantendo sua política de sigilo em casos de compliance. No dia seguinte, a jornalista Sabina Simonato assumiu interinamente o comando do Bom Dia São Paulo, enquanto rumores e especulações começavam a circular nas redes sociais e na imprensa.
O que levou à demissão?
Fontes internas da emissora indicam que a saída de Bocardi pode estar relacionada a conflitos de interesse. Entre as hipóteses levantadas está a prestação de serviços paralelos, como assessoria de comunicação para prefeituras da Grande São Paulo e media training para políticos e empresários. Também circulam informações de que o jornalista teria ligação comercial com uma agência de comunicação que atendia contas públicas e partidos políticos, algo expressamente proibido pelo código de ética da Globo.
Outra versão aponta que Bocardi poderia ter vazado informações internas da emissora, o que teria acelerado sua demissão sem aviso prévio. A gravidade do caso é reforçada pela forma abrupta com que o desligamento ocorreu, sem despedida no ar ou um período de transição.
A política de compliance na Globo
A saída de Bocardi reforça o compromisso da Globo com seu rigoroso código de ética, que desde 2015 tem sido conduzido pelo departamento de compliance. Entre as principais regras estabelecidas estão a proibição de relações comerciais entre jornalistas e fontes, o impedimento de qualquer atividade que comprometa a imparcialidade e a não utilização de informações privilegiadas para fins pessoais.
Casos como esse são investigados internamente e, quando comprovados, podem levar à demissão por justa causa. Nesses casos, o profissional perde direitos trabalhistas como aviso prévio e multa sobre o FGTS, o que indica a gravidade da infração.
Uma trajetória de destaque e polêmicas
Rodrigo Bocardi ingressou na Globo em 1999 como editor de texto e rapidamente galgou posições na emissora. Ele atuou como correspondente internacional em Nova York, repórter do Jornal Nacional e, desde 2013, era o titular do Bom Dia São Paulo. Seu estilo descontraído cativou o público, mas também gerou polêmicas, como em 2019, quando foi acusado de racismo ao questionar um jovem atleta negro sobre trabalhar como gandula em um clube de elite. O jornalista negou qualquer intenção discriminatória, mas o episódio afetou sua imagem.
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Nos bastidores, Bocardi também teria enfrentado atritos com colegas e divergências com a direção. Esses fatores, somados às recentes denúncias de conduta antiética, podem ter influenciado a decisão da Globo em encerrar seu contrato de forma definitiva.
O futuro do Bom Dia São Paulo
Com a saída repentina de Bocardi, Sabina Simonato assumiu interinamente o Bom Dia São Paulo, programa que já coapresentava ocasionalmente. Jornalista experiente, Simonato também estreou recentemente o Bom Dia Sábado ao lado de Marcelo Pereira, o que indica que a emissora confia em seu potencial para manter a audiência e a credibilidade do matinal.
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A Globo ainda não anunciou se a substituição será definitiva ou se um novo nome será escalado para assumir o telejornal. No entanto, a emissora reforça que não tolera infrações ao seu código de ética, independentemente da relevância do profissional envolvido. O caso Bocardi se soma a outras decisões recentes que demonstram o comprometimento da Globo com suas diretrizes, reforçando o papel do compliance como pilar fundamental da empresa.