Há lugares que se tornam tão simbólicos quanto às notícias que deles são transmitidas. No jornalismo, alguns cenários entram para o imaginário popular e para os brasileiros, poucos são tão icônicos quanto a varanda de Ilze Scamparini, em Roma.
De lá, a jornalista, com seu olhar atento e seu jeito sereno, já narrou acontecimentos históricos que atravessaram gerações. E, neste sábado (26), não foi diferente, na despedida do papa Francisco, Ilze mais uma vez provou que sua tradicional varanda é palco de grandes histórias.
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Durante a cobertura do funeral do pontífice, transmitida ao vivo pela TV Globo e GloboNews, Ilze não só comentou os rituais da cerimônia como também abriu o coração ao relembrar um dos momentos mais marcantes de sua carreira e da história recente da Igreja Católica.
Em determinado momento da transmissão, a jornalista trouxe à tona a histórica entrevista concedida pelo papa Francisco em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude no Brasil. Foi Ilze quem, com coragem e sensibilidade, perguntou ao pontífice sobre a relação da Igreja com a comunidade LGBT, uma questão até então inédita em entrevistas papais.
Segundo ela, ao entrar no avião, sentiu uma intuição forte para fazer aquela pergunta. Com a ajuda de colegas brasileiros, conseguiu permanecer com o braço levantado até que, mesmo após o porta-voz do Vaticano tentar encerrar a coletiva, o próprio Francisco a chamou. “Num gesto, me chamou. Fui até lá, pedi licença para tocar num assunto delicado e ele consentiu, sério”, relembrou Ilze.
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A resposta que veio daquele breve e intenso momento entrou para a história: “Quem sou eu para julgar?”. A frase repercutiu ao redor do mundo, simbolizando uma abertura sem precedentes no discurso da Igreja sobre a comunidade LGBTQIA+. Ilze contou que, mesmo demonstrando certo nervosismo inicial, o papa agradeceu a pergunta e, posteriormente, um membro da equipe pontifícia a tranquilizou: “Fique tranquila que o papa gostou da pergunta”.
🇻🇦⚫️ | Em resposta a Ilze Scamparini em 2013, Papa Francisco disse frase histórica sobre acolhimento da Igreja aos gays.
“Se uma pessoa é gay e procura Jesus, e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”#ttsnews pic.twitter.com/fuylVDyalP
— TTs Brasil: News 📰 (@TTsBrasilNews) April 22, 2025
Mais de uma década depois, a jornalista admite que ainda sente o impacto daquele instante. “Doze anos se passaram. Quando me transporto para aquela cena no avião, ainda sinto um impacto no meu sistema nervoso daquela fala”, compartilhou, visivelmente emocionada.
A Globo preparou uma operação especial para a cobertura da despedida do papa Francisco, reunindo nomes como César Tralli, Nilson Klava, Murilo Salviano e Leonardo Monteiro. Ainda assim, Ilze permaneceu onde o público já se acostumou a vê-la: da famosa varanda da Via de S. Pantaleo, em Roma. Embora tenha gravado reportagens nas ruas da capital italiana na sexta-feira (25), foi de casa que ela acompanhou, comentou e eternizou mais esse capítulo histórico.