O Arquipélago do Bailique, no litoral do Amapá, é formado por várias ilhas habitadas por comunidades ribeirinhas que dependem da pesca, do extrativismo do açaí e da agricultura de subsistência. Essas populações mantêm uma relação próxima com o meio ambiente e vivem em uma região de rica biodiversidade, cercada por manguezais e áreas de floresta.
No entanto, as comunidades enfrentam desafios como a erosão costeira, conhecida como “terras caídas”, que afeta suas moradias e áreas produtivas, além da infraestrutura precária, com acesso limitado a serviços de saúde e educação. Apesar das dificuldades, projetos de desenvolvimento sustentável e iniciativas culturais vêm promovendo a valorização das tradições locais e soluções para melhorar as condições de vida na região.
O projeto Tecno Barca Bailique é uma dessas inciativas, trazendo uma exposição a Belém, que reúne 23 obras, entre fotografias, vídeos de arte e uma instalação sonora, que retratam uma década (2012-2022) de trocas socioculturais entre artistas brasileiros e estrangeiros e as populações locais daquela região. O projeto foi contemplado pelo Edital de Pautas do Espaço Cultural Banco da Amazônia 2024.
“Apoiar iniciativas como a da exposição representa o compromisso que a nossa instituição tem em fomentar a cultura e a arte da região. Além disso, reforçamos nosso papel de agente transformador social, colaborando para um desenvolvimento cultural e econômico da Amazônia”.
3 Ilhas temáticas para imergir
Dividida em três “ilhas” temáticas – Ilha das Imagens, Ilha Audiovisual e Ilha das Narrativas –, a exposição convida o público a imergir em diferentes perspectivas do Bailique, abordando desde memórias afetivas e sociais até questões socioambientais urgentes, como o impacto das terras caídas.
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Na ilha das imagens as fotografias exploram as memórias sociais, ambientais e emocionais do Bailique, capturando interações com humanos e não humanos. Já na ilha audiovisual, há vídeos que abordam as urgências socioambientais relatadas pelos moradores da região, como o fenômeno das terras caídas, além de experimentações sensoriais entre o Bailique e a cidade de Barcelona, na Espanha. E por fim, na ilha das narrativas, onde redes e rádios convidam a minutos de descanso, enquanto se ouve histórias e memórias regionais narradas pelos moradores do lugar.
“As obras presentes na exposição trazem um Bailique e suas populações pelo olhar de artistas que viveram intensamente a realidade sócio ambiental e culturas desse recanto amazônico amapaense nos ultimos 10 anos. A exposição é uma oportunidade de fazer ecoar as vozes, imagens e urgências humanas da região frente aos desafios ambientais e climáticos que se agravam ano após ano”, diz Wellington Dias, que coordena o projeto.
Mais ações
Além da exposição, o projeto contará com uma programação complementar ao longo de novembro, que inclui visitas guiadas, a Mostra Cine Catraia – com filmes sobre a Amazônia seguidos de debates –, e um laboratório performativo que explora a relação entre corpo e espaço. As atividades trazem discussões sobre sustentabilidade, preservação ambiental e os desafios enfrentados pelas populações ribeirinhas da região.
Em outubro ainda haverá um laboratório performativo, com o ator e diretor Wellington Dias. Já em novembro, as visitas guiadas ocorrem de 6 a 28, com monitores que conduzirão os visitantes por um passeio de duas horas pela exposição, apresentando as obras e promovendo diálogos sobre as temáticas socioambientais e artísticas do Bailique.
De 14 a 21 de novembro é a vez da Mostra Cine Catraia, que exibirá filmes produzidos na Amazônia, seguidos de debates sobre questões como sustentabilidade, racismo e violência. A curadoria é de Rayane Penha, e os filmes selecionados incluem: Açaí (AP), Cabana (PA), E nós tínhamos água à vontade (AP), Encantes (AP) e Uma escola no Marajó (PA).
PROGRAMAÇÃO
Exposição Tecno Barca Bailique
De 22 de outubro a 20 de dezembroEspaço Cultural Banco da AmazôniaSegunda a sexta-feira, das 9h às 17hAv. Presidente Vargas, 800