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sexta-feira, fevereiro 21, 2025
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A Amazônia deve ser preservada para as futuras gerações

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Luiz Flávio/Diário do Pará-  A fauna e a flora paraenses integram o rico bioma amazônico, um dos maiores e mais diversificados do mundo, que concentra algo em torno de 40 mil espécies de plantas e árvores, cerca de 300 espécies de mamíferos e outras 1,3 mil variedades de aves. Grande parte desse patrimônio da biodiversidade está localizado em áreas protegidas por lei.

Uma dessas áreas criadas recentemente é o Parque Estadual Ambiental das Árvores Gigantes da Amazônia, localizada no município de Almeirim, criado em setembro de 2024. É lá que está a maior árvore da América Latina: o angelim-vermelho, com 88,5 metros de altura.

Atualmente sob gerenciamento do governo do estado, o Pará conta com mais de 18 milhões de hectares de floresta em pé distribuídas em 28 unidades estaduais de conservação, divididas em regiões de proteção integral e áreas de uso sustentável. A preservação do meio ambiente e a manutenção do bioma amazônico são essenciais para o modo de vida de comunidades indígenas, ribeirinhos e quilombolas que dependem diretamente dos recursos naturais para sua subsistência e cultura.

A fauna que habita o território paraense dá ao Pará um dos mais diversificados conjuntos de animais do planeta. As espécies são divididas em aves, répteis, anfíbios, mamíferos, peixes e invertebrados. Alguns chamam atenção pela beleza e por serem encontrados somente na região, como o peixe-boi da Amazônia, mamífero dócil, mas muito caçado pelo homem. Podendo chegar a 4 metros de comprimento e pesar até 600 quilos; ou o pirarucu. Maior peixe de água doce do Brasil

As florestas paraenses também guardam uma imensa variedade de felinos, sobretudo de onças pintadas, além de jacarés, primatas, tartarugas, peixes, tucanos, abelhas nativas, borboletas, tamanduás e formigas, espécies que variam em tamanho, hábitos e populações de acordo com o território amazônico onde habitam.

As espécies animais e de vegetais encontradas na região são extremamente ricas e diversificadas, muitas das quais só existem nesse território, despertando o interesse da comunidade científica mundial. A região abriga uma fauna única e um ecossistema vital para o equilíbrio global. Muitas dessas espécies enfrentam ameaças devido à destruição de habitat, caça ilegal e mudanças climáticas, além da biopirataria.

A grande diversidade de animais e plantas amazônicas – temas da reportagem de hoje do projeto “Conheça o Pará por Dentro” – não é apenas um patrimônio natural, mas principalmente cultural, já que muitas dessas espécies são utilizadas pelas populações locais para alimentação, medicina e artesanato, sendo cruciais para a manutenção do equilíbrio ecológico da Amazônia. O Estado do Pará, como parte fundamental da região amazônica, desempenha um papel vital na conservação dessa riqueza botânica. Conheça alguns desses animais e vegetais.

Mamíferos

ONÇA-PINTADA

Símbolo da Amazônia, é o maior felino da América e o terceiro maior felino do mundo, um dos mais icônicos da fauna brasileira. Apesar de ser um predador de topo, a onça-pintada está ameaçada devido à perda de habitat e caça ilegal. Segundo o Instituto da Onça-Pintada, seu peso varia entre 35 kg e 130 kg, e seu comprimento pode variar de 1,7 metro a 2,4 metros.

PEIXE-BOI

São mamíferos aquáticos cujo nome foi escolhido por causa do canto desses animais, que fez com que navegadores o associassem às mitológicas sereias. Existem quatro espécies de peixe-boi no mundo, e uma delas vive apenas em água doce, no Brasil, mais especificamente na Amazônia. O peixe-boi da Amazônia, como é conhecido, é o menor dos peixes-boi e originalmente ocorria em toda a bacia dos rios Amazonas e Orinoco, chegando à Venezuela e à Colômbia. Esses animais despertam o interesse de caçadores por sua carne farta e seu óleo. A caça ao longo dos anos diminuiu consideravelmente sua população.

PREGUIÇA

Uma das criaturas mais lentas do mundo, a preguiça é típica da Amazônia e pode ser vista se movendo devagar pelas árvores. Graças às suas longas garras, vivem penduradas na vegetação, geralmente em copas de árvores, alimentando-se de folhas, frutos e brotos. A reprodução também ocorre nas copas das árvores, dando origem a um único filhote, que poderá viver em torno de 35 anos. Os bichos-preguiça não costumam utilizar suas garras para outros fins, uma vez que são animais pouco ágeis e muito lentos; características estas que, juntamente com o hábito de dormirem aproximadamente 14 horas por dia, lhes rendeu este nome.

MACACO-PREGO

Das 156 espécies de primatas encontradas na América do Sul, 60% estão na Amazônia brasileira. Uma dessas espécies é o “macaco-prego”. Conhecidos por sua inteligência, se adaptam bem ao ambiente de floresta e áreas de cultivo. Considerado um dos macacos mais inteligentes do mundo, o macaco-prego é amplamente distribuído na região amazônica, preferindo lugares com dominância de palmeiras. Costuma se alimentar de frutos e folhas, caçam insetos e pequenos vertebrados com o auxílio de ferramentas.

Aves

ARARA

Destacam-se por serem aves grandes com plumagem com cores vibrantes e que, às vezes, fazem parte de bandos numerosos. Algumas espécies são capazes até mesmo de reproduzir algumas falas humanas, como é o caso dos papagaios. Sua beleza e suas características tão únicas fazem dessas aves alvo constante dos traficantes de animais. A grande maioria das espécies se alimenta, principalmente, de bagas, sementes e castanhas. Contam com um bico curvo, arredondado e extremamente forte, características essenciais para o tipo de alimentação que apresentam.

GAVIÃO REAL

Considerada a maior ave de rapina do Brasil, o gavião real habita as florestas tropicais da região amazônica e é um dos maiores predadores do alto das árvores, podendo atingir 1,15 metros de comprimento e 2,5 metros de envergadura, com peso que varia de 4,5 a 10 quilos, famosa por seu poder de caça e beleza. Seus hábitos são diurnos e o comportamento sedentário. Alimenta-se desde moluscos, crustáceos e peixes até serpentes, lagartos, alguns pássaros e alguns mamíferos, como a preguiça (seu alimento favorito) que captura no solo.

TUCANO

Famoso por seu bico colorido e grande, o tucano é um símbolo da biodiversidade amazônica. Apesar de se alimentar basicamente de frutos e sementes, o tucano pode chegar a se alimentar de insetos e filhotes de outras aves no ninho se faltar alimento.

UIRAPURU

O uirapuru-verdadeiro é uma ave florestal e está presente em quase toda a Amazônia brasileira. Conhecido pelo seu canto particularmente elaborado, o que justifica que seja conhecido vulgarmente como corneta, músico, músico-da-mata. É famoso pelo seu canto e pelas lendas que o envolvem. O seu habitat preferencial é o estrato inferior da floresta úmida, tanto em terra firme como, principalmente, em florestas de várzea.

Desmatamento afeta saúde e clima no mundo inteiro

Josiane Santana Monteiro, doutora em Biologia de Fungos, pesquisadora do Museu Paraense Emilio Goeldi e professora do Programa de Pós-graduação em Botânica (PPGBot) destaca que o bioma Amazônia representa a maior floresta tropical do mundo, com aproximadamente sete milhões de quilômetros quadrados. Esse bioma abrange cerca de 10% da biodiversidade mundial conhecida.

“Suas florestas têm muita importância para o clima, por regular os ciclos regionais e globais de água e carbono, essenciais para manter a estabilidade climática da Terra. Suas árvores ao realizarem fotossíntese armazenam o dióxido de carbono (CO2) em suas folhas, caules e raízes, assim estocando carbono e diminuindo a liberação dos gases de efeito estufa”, explica.

Com a retirada das árvores, a biomassa vegetal libera o carbono armazenado de volta para a atmosfera como CO2, provocando o aquecimento da atmosfera. “Mesmo o que não podemos ver no chão da floresta está sendo impactado pelas alterações climáticas. Com a alteração dos solos, bactérias e fungos estão mudando seus comportamentos, o que afeta a decomposição de toneladas de serrapilheira na Amazônia e os ciclos do carbono e outros elementos essenciais para a fertilidade dos solos”, observa.

A pesquisadora ressalta que Belém sedia este ano a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), maior evento climático do planeta. “A importância da Amazônia para o equilíbrio da biodiversidade do planeta estará em evidência. As populações amazônicas já sentem os efeitos das mudanças climáticas em seu dia a dia e as chuvas e calor extremos já se tornaram realidade por aqui”

A COP-30, segundo ela, representa uma oportunidade para essas populações mostrarem que a Amazônia já está no limite de sua resiliência climática e que as consequências disso serão sentidas por todos, sem distinção. “As iniciativas para reduzir as consequências das mudanças climáticas devem incluir as populações tradicionais e urbanas dessa região, pois através de suas vivências eles podem apontar o caminho para mudanças que realmente protejam a Amazônia”.

Josiane afirma que o trabalho que vem sendo realizado pelo governo estadual colabora para a proteção da biodiversidade amazônica. Embora ela acredite que ações com foco na conservação da flora, fauna e funga, pesquisas científicas voltadas para a descrição de sua biodiversidade e usos biotecnológicos e turismo sustentável ainda sejam insuficientes.

“Com a dimensão continental do Pará, o envolvimento de universidades, instituições privadas e institutos ambientais presentes nas diferentes regiões do estado junto às ações do governo podem resultar em iniciativas interessantes e com o envolvimento das populações locais”.

Flora

Árvores

Castanheira-do-pará

A castanheira é uma das árvores mais emblemáticas da Amazônia. Ela produz as castanhas-do-pará, um dos produtos mais conhecidos e consumidos globalmente. Sua madeira também é valiosa, mas a árvore é ameaçada pela exploração ilegal.

Samaúma

Conhecida como a “árvore da vida”, a samaúma é uma das maiores árvores da Amazônia, podendo atingir até 70 metros de altura. Suas raízes imensas e expostas formam uma característica visual única.

Cedro

O cedro amazônico é uma árvore de grande porte cujas madeiras são altamente valorizadas na construção civil e na fabricação de móveis. A exploração ameaça a espécie.

Andiroba

Esta árvore é bastante conhecida na Amazônia, principalmente por seu óleo, que é utilizado na medicina tradicional, cosméticos e produtos de cuidados com a pele.

Plantas Medicinais

Guaraná

O guaraná é uma planta nativa da Amazônia e é conhecido principalmente por suas sementes, que contêm cafeína. O guaraná é utilizado tanto em bebidas energéticas quanto em produtos farmacêuticos.

Copaíba

A copaíba é uma árvore cuja resina é extraída e utilizada por suas propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes e antimicrobianas. É uma planta medicinal muito importante na medicina tradicional amazônica.

Jambu

Planta culinária tradicional da região Norte, em especial no Pará, famosa por causar uma sensação de “adormecimento” na boca. É usada em pratos típicos e também tem propriedades medicinais, sendo indicada como analgésico natural.

Plantas Frutíferas

Açaí

O açaí é um dos frutos mais populares da Amazônia, consumido tanto na forma de polpa quanto em outros produtos derivados. Ele é altamente nutritivo e considerado um superalimento devido ao seu alto valor antioxidante.

Cupuaçu

Um parente do cacau, o cupuaçu é um fruto muito importante na culinária local, com sua polpa utilizada para fazer sucos, doces e cosméticos. Ele é uma excelente fonte de vitaminas e antioxidantes.

Bacuri

O bacuri é uma fruta tropical originária da Amazônia, com sabor agridoce e polpa branca, cremosa e aromática. É rica em nutrientes como cálcio, potássio e fósforo, e é muito utilizada na culinária. A árvore do bacuri pode atingir 40 metros de altura e 2 metros de diâmetro. A fruta é usada para fazer sucos, geleias, compotas, sorvetes, licores e polpa. O óleo extraído das sementes do bacuri é usado como anti-inflamatório e cicatrizante, além do que sua casa tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Floresta de Várzea

Vitória-régia

Uma das plantas mais icônicas da região amazônica, a vitória-régia é uma planta aquática encontrada em rios e lagos da Amazônia. Suas folhas podem alcançar até 2 metros de diâmetro e suas flores são grandes e de uma cor branca ou rosa.

Répteis

JACARÉ-AÇU

É maior jacaré da Amazônia, encontrado nos rios e igarapés da região amazônica, incluindo o Pará, Jacaré-açu, podendo atingir 6 metros de comprimento (macho), com a fêmea, sendo menor, com cerca de 2,8 metros, podendo chegar até 100 anos de idade. Também conhecido como jacaré-negro ou jacaré-preto, é um predador de topo de cadeia alimentar. Alimenta-se de pequenos animais, como tartarugas, peixes, capivaras e veados.

Jacaré-Açu (Foto: Mauro Ângelo).

TARTARUGA

Existem 16 espécies de quelônios na região amazônica A tartaruga-da-Amazônia é também conhecida como “tartaruga-verdadeira”. Os inimigos naturais da Tartaruga-da-Amazônia, quando filhotes, são os urubus, as piranhas, os jacarés, os jaús e alguns peixes grandes. A espécie é considerada o maior quelônio de água doce da América do Sul, podendo ultrapassar 100 cm de comprimento de carapaça.

SUCURI

Serpentes que se destacam por serem animais de grande porte e carnívoros que não matam suas vítimas por envenenamento, mas sim por constrição: as sucuris se enrolam no corpo da presa de forma tão intensa que o fluxo de sangue para órgãos vitais é impedido, levando o animal à morte.

Peixes

PIRARUCU

Um dos maiores peixes de água doce do mundo, o pirarucu é nativo da bacia amazônica e é muito importante tanto para o ecossistema quanto para a pesca local, podendo chegar a até 3 metros de comprimento e até 200 kg de peso. Nativo da Amazônia, promove benefícios para o ecossistema e comunidades que vivem da pesca. Seu nome vem de dois termos indígenas pira, “peixe”, e urucum, “vermelho”, devido à cor de sua cauda. A espécie vive em lagos e rios afluentes, de águas claras.

TAMBAQUI

Peixe típico da região amazônica, é popularmente conhecido como “Pacu Vermelho”. É famoso por sua carne saborosa e é um dos peixes mais consumidos na região. O tambaqui é o peixe nativo mais produzido comercialmente no Brasil, ficando apenas atrás da tilápia, que é uma espécie exótica. Sua produção está concentrada na região Norte do país, em que a temperatura da água é sempre elevada.

TUCUNARÉ

É considerado por muitos o melhor peixe de água doce para se pescar no mundo. O tucunaré é um predador carnívoro, agressivo, forte e muito esportivo. Por esses adjetivos, eles foram amplamente distribuídos (translocados) pelo Brasil e no exterior. Hoje, a literatura reconhece 16 espécies de tucunarés. No Brasil, todos são originários do Centro-Oeste e Norte, mas o peixe pode ser encontrado em todas as regiões brasileiras.

CURIMATÃ

Peixe de água doce, também é conhecido como curimbatá, curimataú, grumatã, sacurimba, crumatá, curumbatá e papa-terra. O curimatã é uma espécie detritívora, que se alimenta de matéria orgânica e microrganismos do fundo de lagos e margens de rios. É um peixe robusto e longevo, podendo viver até 10 anos. É uma espécie importante comercialmente, pois possui carne saborosa e rica em lipídios.

Iniciativas do Estado ajudam a preservar a biodiversidade amazônica

Dentro do bioma amazônico, o clima úmido e de temperaturas estáveis sustenta uma biodiversidade rica e única, incluindo microrganismos, animais e plantas, as quais através da evapotranspiração contribuem para a regulação do clima, numa relação de interdependência e equilíbrio.

“As espécies que compõem a biodiversidade florestal têm igualmente forte relação de interdependência entre si, sendo as espécies da fauna fundamentais para a manutenção das populações de plantas através dos processos de polinização e dispersão de sementes”, destaca Ulisses Galatti, doutor em Ecologia e pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi

A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – a COP30 – em uma capital amazônica, aponta, “reflete a importância do bioma frente aos desafios das mudanças climáticas globalmente em curso e também deve compreender um alerta das consequências dessas mudanças”.

O pesquisador alerta que se a tendência atual for mantida, a floresta poderá sofrer um processo de desertificação ou savanização. “Em conjunto com mudanças climáticas globais, as ações humanas na região, como queimadas e desmatamento, devem acelerar esse processo até um ponto de não retorno, e com sérias consequências no clima de outras regiões, afetando a biodiversidade e a produção agrícola”.

“Embora tratadas em convenções separadas, biodiversidade e clima são interdependentes”, afirma.

O estabelecimento de áreas protegidas que vem sendo mantido pelo governo do Pará é uma das mais eficientes estratégias de conservação da biodiversidade. No estado do Pará a implementação e gestão das unidades de conservação é conduzida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio).

É fundamental que o estado do Pará, umas das mais importantes unidades políticas da Amazônia, “some esforços com outras instâncias na implantação de áreas protegidas que possam configurar um mosaico, a fim de promover uma gestão integrada”, diz o professor.

Ele cita o mosaico de Áreas Protegidas da Calha Norte do Pará, e onde no ano passado foi também estabelecido o Parque Estadual das Árvores Gigantes como uma das mais exitosas dessas iniciativas compreende. “O mosaico paraense abrange unidades estaduais e federais e, juntamente com as Terras Indígenas e Unidades de Conservação do Amapá completam um dos maiores corredores ecológicos”.

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