Julia Chaib/Folhapress
A executiva da União Brasil decidiu afastar o deputado federal Luciano Bivar (PE) da presidência do partido e encaminhou ao conselho de ética uma ação que pode expulsá-lo da legenda. O afastamento ocorreu de maneira cautelar, isto é, temporária, enquanto o processo definitivo corre no partido, com prazo de 60 dias para ser finalizado. Ele terá mais cinco dias para apresentar nova defesa.
O parecer feito pela senadora Professora Dorinha (União Brasil-TO) teve 11 votos favoráveis e cinco contra. Bivar participou por vídeo da reunião e se absteve de votar. O deputado apresentou questões de ordem para tentar postergar a votação, mas elas não foram acatadas.
O afastamento do parlamentar coroa uma série de brigas internas e trocas de acusações entre ele e outra ala do partido.
O episódio mais grave que culminou na decisão de destituí-lo foram incêndios em duas casas em Pernambuco ligadas ao presidente eleito da legenda, Antônio Rueda.
A ação foi considerada criminosa pelo governo local e integrantes da legenda passaram a acusar Bivar de envolvimento no ato, porque ele teria supostamente feito ameaças a Rueda anteriormente. O dirigente nega ter a ver com o episódio e chama de “ilações” as acusações.
O afastamento e a análise de expulsão do atual presidente da sigla se fundamenta na violação ao código de ética e estatuto partidário.
Bivar foi alvo de quatro acusações de seus pares: proferir “ofensas e ameaças”; por haver indícios de motivação “político criminosa” nos incêndios que acometeram as casas ligadas a Rueda; por violência contra mulher, no caso, contra a irmã de Rueda; e por desfiliar seus deputados do partido no Rio de Janeiro sem submeter à decisão colegiada.
Rueda foi eleito o futuro presidente da União Brasil em 29 de fevereiro durante convenção partidária. Ele só tomaria posse em junho, porque o mandato de Bivar vai até maio.
A destituição de Bivar foi articulada pela ala majoritária do partido depois de uma briga com o atual secretário-geral, ACM Neto. Em outubro passado, o dirigente xingou o correligionário durante uma conversa. Na hora, o ex-prefeito de Salvador não respondeu, mas articulou a derrubada do parlamentar.
Bivar teria chegado a concordar com a troca, mas no final mudou de opinião. No dia da reunião que chancelaria sua destituição, ele tentou cancelar a convenção, sem sucesso. Por fim, ameaçou contestar seu resultado.
Pouco antes dessa reunião, o advogado Paulo Emílio Catta Preta, afirmou que foi procurado em 27 de fevereiro por Rueda.
“O Rueda me procurou preocupado com a ameaça que ele tinha sofrido. Era uma ligação com o [Luís Carlos] Busato, mas que, pelo telefone dele, o Bivar assumiu a ligação e passou a desferir uma série de ameaças inicialmente a ele e depois contra a família dele”, relata Catta Preta.
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