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sexta-feira, novembro 22, 2024
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Clínicas oferecem tratamento com plasma rico em plaquetas sem liberação da Anvisa

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BÁRBARA BLUM

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O uso do plasma rico em plaquetas (PRP), além de ser uma das grandes apostas do mercado estético, é fonte de controvérsia. É a base do procedimento apelidado de “vampire facial” —popularizado por Kim Kardashian— e consiste na injeção de uma solução com alta concentração de plaquetas, extraídas do sangue do próprio paciente a partir de centrifugação, no rosto.
Com a promessa de regenerar as células, esse tipo de intervenção é grande aposta no mercado de medicina regenerativa, mas as agências reguladoras do Brasil ainda não bateram o martelo sobre seu uso.
O PRP não é regulamentado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e é considerado experimental em qualquer área da medicina pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Segundo o órgão médico federal, o procedimento continua a ser monitorado e passa por reavaliação na Comissão de Novos Procedimentos.
Segundo Maria Roberta Martins, médica e integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, existem estudos que sustentam a eficácia do PRP na estética, e vários países fazem uso da tecnologia, mas pesquisas “de maior nível de evidência científica” ainda são necessárias.
Apesar do caráter experimental e da falta de regulamentação da Anvisa, não é difícil encontrar dermatologistas e clínicas de estética que vendem o PRP. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o PRP só pode ser usado dentro de protocolos de pesquisa no Brasil, de modo que pacientes não podem ser cobrados.
A Folha contatou alguns estabelecimentos que anunciavam o procedimento na internet, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os preços variam, mas ficam na casa dos milhares de reais. Uma das clínicas consultadas cobra cerca de R$ 2.400 por sessão. Outra, varia de R$ 2.500 a R$ 3.000, mas depende de uma avaliação prévia.
Martins afirma que os riscos do procedimento são como os de outras intervenções cirúrgicas —como infecções. O uso do sangue e das agulhas torna o PRP delicado.
Nos Estados Unidos, o armazenamento descuidado do material em uma clínica no Novo México acendeu alertas vermelhos. Cinco pessoas contraíram HIV depois que algumas mulheres fizeram o “vampire facial” no lugar.
O spa, que também aplicava botox, tinha uma série de problemas de segurança contra infecções, como o armazenamento de tubos de sangue sem rótulo em uma geladeira da cozinha, ao lado de alimentos, e seringas espalhadas pelo local. Alguns frascos de sangue apresentavam sinais de reutilização.
Questionada sobre o tema da PRP especificamente, a Sociedade Brasileira de Dermatologia encaminhou duas notas publicadas no site do órgão em outubro de 2023 e março de 2024 sobre a necessidade de tomar cuidado com procedimentos, inclusive invasivos, realizados por profissionais que não são médicos.

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