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sábado, fevereiro 22, 2025
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Pesquisadora inova com miriti para o ensino de temas ambientais

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Formada em Ciências Naturais – Biologia pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), no município de Moju, nordeste paraense, Ivana Thariny Leal encontrou uma aplicação didática para o artesanato de miriti: a elaboração de modelos educativos. Filha de artesãos de miriti, em Abaetetuba, ela cresceu envolvida na cultura desse material extraído da palmeira Miritizeiro (Mauritia flexuosa L. f.). Inspirada pelo contexto familiar, passou a fabricar objetos artísticos que aliam tradição cultural e sustentabilidade.

A ideia de utilizar o miriti na educação, fez com que Ivana sugerisse um projeto sobre o tema à professora Priscyla Santiago da Luz, da Uepa, que aprovou a iniciativa. O projeto ganhou apoio do programa Campus Avançado, voltado ao desenvolvimento local e regional.

Origem da pesquisa

A bióloga relembra que, no ano de 2017, ao ingressar na Uepa, foi desafiada a explicar a anatomia auditiva em uma feira de ciências. “Como explicar algo tão complexo sem um material concreto? Foi assim que criei meu primeiro modelo educativo em miriti: uma orelha humana, com a ajuda do meu pai”, conta Ivana.

A professora Priscyla Luz destaca o potencial da iniciativa. “Inicialmente não tinha muito contato com a atividade, mas disse à Ivana que seria uma excelente oportunidade para construirmos formações. Aos poucos, fomos expandindo, não somente com a questão da oficina sobre a técnica do miriti, como também com uma discussão mais científica, que envolve a relação do miriti, que não é somente uma discussão didática, mas também ambiental e cultural”, explica.

Desenvolvimento acadêmico

A proposta resultou no Trabalho de Conclusão de Curso de Ivana, sob orientação de Priscyla. Posteriormente, ela deu continuidade à pesquisa no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia (PPGEECA/Uepa), desenvolvido no Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPPA). Atualmente, Ivana cursa doutorado na Universidade Federal do Pará (UFPA).

Alguns dos modelos didáticos de miriti produzidos durante a pesquisa. | Foto: Monique Hadad

Conforme a pesquisadora, o projeto é inédito. “Encontramos pesquisas de professores que já utilizavam, por exemplo, os barquinhos, esses materiais que são artesanatos, dentro da sala de aula, mas ninguém havia feito um material de miriti, como um DNA, um RNA, uma célula, para fins educacionais. Então, a nossa pesquisa é precursora”, afirma a pesquisadora, que atualmente cursa doutorado na Universidade Federal do Pará (UFPA).

Em 2024, Ivana apresentou a dissertação “Oficinas Educativas com Modelos Didáticos de Miriti Voltados às Aprendizagens em Ecologia e Temas Ambientais”, sob orientação de Priscyla Luz. O estudo investigou como oficinas com modelos de miriti poderiam favorecer o ensino de Ecologia e temas ambientais, além de estimular valores socioambientais e culturais. “Quais aprendizagens podem ser viabilizadas por meio da realização de oficinas para a produção de modelos didáticos de miriti, voltadas para o conhecimento de Ecologia e do meio ambiente?” e “Quais valores e atitudes essas oficinas podem promover em relação à criticidade, valorização do patrimônio cultural e socioambiental presente no contexto local?”

Metodologia e resultados

O estudo envolveu estudantes do 2º e 3º anos do Ensino Médio de uma escola pública de Abaetetuba. Foram aplicados questionários a cinco professores e 24 alunos, seguidos de quatro oficinas entre outubro de 2022 e abril de 2023. As atividades incluíram leituras, discussões e a confecção de modelos de miriti baseados na cultura Maker.

“Cada ciclo tinha uma temática, que envolvia a questão ambiental, associada a temas de Ecologia. Em um primeiro momento, nós fazíamos o levantamento de uma questão norteadora, que tinha relação com o cotidiano dos alunos. Após as discussões, os estudantes criavam um modelo didático de miriti como solução para a problemática inicial, promovendo maior compreensão dos conceitos ecológicos”, detalha Ivana.

Os resultados indicaram que as oficinas contribuíram para o aprendizado sobre ecossistemas aquáticos e terrestres, relações ecológicas e problemáticas ambientais, como desmatamento e poluição. Professores também passaram a incorporar o miriti em suas aulas, mesmo após a conclusão das oficinas.

Ivana Leal com a premiação recebida durante a Feira Brasileira de Iniciação Científica. | Foto: Divulgação

A pesquisa destaca o miriti como alternativa sustentável para materiais não biodegradáveis frequentemente usados em sala de aula, como isopor e E.V.A. “Buscamos uma opção acessível e ecologicamente viável para substituir esses materiais”, afirma Priscyla Luz.

Reconhecimento

A pesquisa teve desdobramentos que reforçam o seu potencial. Um deles foi o fato de a dissertação ter conquistado o primeiro lugar na categoria de pós-graduação da edição 2024 da Feira Brasileira de Iniciação Científica – Febic, realizada em Santa Catarina, na qual concorreu com projetos de todo o país. Além disso, o TCC elaborado por Ivana recebeu o primeiro lugar do Curso de Ciências Naturais – Biologia, no Prêmio Melhor TCC 2021/2022, realizado pela Uepa.

A professora Priscyla Luz ressalta que a Uepa e os programas que desenvolve incentivam professores e alunos a atuarem na perspectiva da educação em ciência, de forma contextual e regional. “O mestrado do PPGEECA, em Educação e Ciências na Amazônia, por exemplo, vem justamente resgatar os alunos egressos da graduação para trazerem essas pesquisas que já vêm sendo construídas, no sentido de aprimorá-las. Eu só tenho a agradecer à instituição por nos favorecer, nos amparar com os editais, que permitem inserir os alunos na pesquisa durante o processo formativo”, conclui.

Com informações da Agência Pará

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