Diário do Pará – Foi aberta ontem (6), na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém, a programação do evento internacional “Banco de Leite Humano e Mudanças Climáticas – O que podemos fazer a mais?”. O encontro, que segue até esta quarta-feira (7), reúne representantes de mais de dez países e todos os estados brasileiros para discutir estratégias diante das emergências sanitárias e dos desafios impostos pelas mudanças climáticas à saúde pública.
Integrando a agenda da pré-COP30, o evento é promovido pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH)/IFF/Fiocruz, Ministério da Saúde e Opas/OMS, com apoio da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) e Fundação Santa Casa. A proposta é alinhar políticas públicas de proteção à infância com ações de enfrentamento à crise climática.
Durante a cerimônia de abertura, a secretária de Estado de Saúde Pública, Ivete Vaz, destacou que o evento “fortalece redes de apoio e soluções interinstitucionais, colocando em evidência o banco de leite humano como pilar estratégico para a sobrevivência de recém-nascidos em situações vulneráveis”. Segundo ela, discutir o tema sob a perspectiva ambiental “é reforçar o compromisso com o futuro da nossa gente e do planeta”.
Coordenadora do Banco de Leite Humano da Santa Casa, a nutricionista Cynara Souza afirmou que o Fórum pretende deixar um legado prático, com diretrizes que orientarão as ações da rede em 2025.
“Queremos criar uma linha de trabalho pactuada a partir das vivências e perspectivas compartilhadas”, explicou. Ela também destacou a importância da atuação em rede: “O que vivemos com a emergência no Rio Grande do Sul é prova disso. A mobilização nacional garantiu o envio de leite humano às unidades de terapia neonatal que estavam isoladas e desabastecidas. Esse trabalho conjunto salvou vidas”.
REDE
O coordenador da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, João Aprígio de Almeida, classificou o encontro como um marco na história da rede. “Esse evento demarca a atuação da rBLH no contexto da pré-COP30 e reforça que não se trata de uma pauta da moda. Nós vivemos de perto as emergências sanitárias decorrentes da crise climática”.
Segundo Aprígio, a resposta da rede brasileira às enchentes no Sul do país é um exemplo do impacto positivo da articulação nacional: “Em menos de 24 horas, reunimos 768 litros de leite humano, que foram levados com segurança às UTIs neonatais do Rio Grande do Sul, com apoio da Força Aérea Brasileira. Essa iniciativa ganhou dimensão internacional e foi apresentada pela Organização Mundial da Saúde”.
PROGRAMAÇÃO
A programação segue até esta quarta-feira, com mesas-redondas, mini conferências e homenagens a instituições e profissionais que atuaram em emergências sanitárias em 2024.
Projeto Vira Tempo
O coordenador também anunciou o projeto “Vira Tempo”, que busca tornar os bancos de leite ainda mais preparados para atuar em emergências. “Vira Tempo é sobre estar de prontidão, com ações rápidas, para socorrer quem mais precisa”.
Ele ressaltou o simbolismo de realizar o evento em Belém, que sediará a COP30. “Belém abriga o primeiro e mais antigo banco de leite da Amazônia. É um orgulho nacional que precisa ser conhecido e valorizado. Além disso, estamos reunindo aqui todos os países da Pan-Amazônia para discutir a criação de um fórum permanente sobre o tema”.
A coordenadora de Saúde da Criança, Ana Guzzo, enfatizou que o evento internacional ajuda a mostrar o aleitamento materno como estratégia de redução de danos ambientais. “O leite materno não apenas salva vidas de bebês, mas também evita os impactos ambientais gerados pela produção, armazenamento e transporte de fórmulas infantis, além do descarte de embalagens. Promover o aleitamento é proteger o meio ambiente”.
Ana mencionou os investimentos do Estado na ampliação da rede. “Temos cinco bancos de leite humano em funcionamento no Pará e cinco novos estão previstos para implantação”, disse. “Também avançamos com a habilitação de hospitais na Estratégia ‘Hospital Amigo da Criança’ e com a ampliação e fortalecimento dos Proames nas unidades básicas de saúde”.
A coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Crianças, Adolescentes e Jovens do Ministério da Saúde, Sônia Venâncio, reforçou o papel da rede diante das novas ameaças à saúde pública. “Os bancos de leite são fundamentais para assegurar o melhor alimento aos bebês em qualquer cenário, inclusive nas emergências”.
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