Quem somos nós, afinal, senão um amontoado de histórias que vieram antes? A ancestralidade, muitas vezes tratada como um enigma empoeirado, pode esconder ligações tão improváveis quanto fascinantes. E foi exatamente isso que um estudo genealógico revelou ao traçar as origens do papa Leão XIV, que, ao que tudo indica, tem mais em comum com o universo pop do que se imaginava.
De acordo com uma análise publicada pelo jornal The New York Times, o pontífice tem laços sanguíneos distantes com estrelas como Madonna, Justin Bieber e Angelina Jolie. A revelação veio à tona durante uma investigação conduzida por Henry Louis Gates Jr., apresentador do programa Finding Your Roots (Encontre Suas Raízes), da PBS, em parceria com genealogistas da American Ancestors e do Cuban Genealogy Club de Miami.
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A pesquisa percorreu 12 gerações anteriores do papa e descobriu um ancestral materno nascido por volta de 1590, que conecta o líder da Igreja a celebridades globais e figuras de peso da política internacional, como Hillary Clinton, Pierre e Justin Trudeau (ex-primeiro-ministro e atual primeiro-ministro do Canadá), além do icônico escritor Jack Kerouac.
Uma história de contrastes
O estudo não só revelou conexões estelares, mas também trouxe à tona uma narrativa complexa e cheia de contrastes. Dos 140 ancestrais identificados, há uma diversidade impressionante de origens:
- 40 eram franceses
- 24 italianos
- 21 espanhóis
- 10 cubanos
- 6 canadenses
- 1 do Haiti
- 1 de Guadalupe
- 22 americanos
- 9 desconhecidos
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Entre os antepassados dos Estados Unidos, 17 eram negros, incluindo o avô do papa, Joseph Nerval Martínez, nascido no Haiti. Os pais de Joseph, afro-americanos, haviam migrado de Nova Orleans para o Haiti antes de retornarem à cidade americana em 1866.
Escravidão e reparação
Uma das revelações mais marcantes envolve Marie Jeanne, tataravó materna de Leão XIV. Ela foi escravizada por François Lemelle, com quem teve pelo menos seis filhos. Em 1772, François a libertou, junto com duas filhas, e ao falecer, em 1789, deixou-lhe parte de sua herança, incluindo 15 pessoas escravizadas. Anos depois, a propriedade da família cresceu para 1.040 acres e ainda mantinha cinco pessoas em regime de escravidão.
Ou seja, entre os antepassados do atual papa, há pessoas escravizadas e também senhores de escravos. Uma ironia histórica que expõe as contradições do passado colonial, e que, agora, ecoa dentro dos corredores do Vaticano.