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domingo, maio 18, 2025
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Vias “escondidas” também têm histórias para contar

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Quem caminha pelas avenidas mais famosas do Centro Comercial de Belém nem sempre imagina a riqueza que se esconde nas ruas e travessas vizinhas. Fora dos holofotes, há verdadeiros tesouros: farmácias centenárias, lojas de tecidos com décadas de história, ou simplesmente eletrônicas que resistem ao tempo. Em cada esquina, histórias pulsantes e comércios que sustentam famílias, guardam personalidade, onde tradição e inovação se encontram.

Entre a tranquilidade da travessa Padre Prudêncio, um ponto azul, no meio do quarteirão das ruas Ó de Almeida e Aristides Lobo, guarda uma história centenária: a Farmácia de Manipulação São Lucas, e também o Parque Industrial dela. O farmacêutico Mauro Athayde, de 49 anos, à frente do negócio há 22 anos, guarda com orgulho a memória do tio, um dos primeiros farmacêuticos do Estado. “Estamos aqui desde 1962 como laboratório São Lucas, mas a tradicionalidade do negócio é desde 1878. Meu tio foi um dos fundadores do Conselho Regional de Farmácia, o CRF dele era 03”, lembra.

“Acontece de tudo no comércio”, comenta Mauro, que considera que o ponto vai além da tradição, mas é também resistência. “É um pedaço tranquilo, onde todo mundo se conhece, se ajuda. A gente mantém essa essência com inovação. A tradição é a palavra-chave. Nosso parque industrial é moderno, mas o foco continua sendo atender o povo. O ribeirinho que vem de barco para o Ver-o-Peso passa aqui para comprar porque sabe que o produto é bom, faz efeito e tem preço acessível”.

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A poucos quarteirões dali, na travessa Frutuoso Guimarães é característica pelo mercado de eletrônicos. Na esquina com a rua Ó de Almeida, Alice Ferreira, de 51 anos, ao lado do esposo Cleber Martins, 29, mantém sua loja com o olhar atento de quem já viveu diversas transformações no bairro. “Tem mais de 30 anos que eu tô aqui. Comecei como funcionária e depois abri meu ponto. Essa rua tem muito comércio antigo, mas pouco valorizado. Muita gente só passa pela Quinze [de Novembro] ou pela [rua Conselheiro] João Alfredo e não sabe o que tem por aqui”, diz.



Na rua, ainda, o movimento de lojas de conserto e venda de peças atrai um público fiel. “A clientela procura resolver um problema sem gastar muito, então esse lado do centro [Frutuoso Guimarães] é ótimo para isso. Ainda tem relojoeiro, conserto de ventilador, tudo o que não se encontra mais com facilidade”.

Do comércio à Cidade Velha, vias contam muitas histórias

A tradição também resiste sob rolos e mais rolos de tecidos. Keytson Silva, de 27 anos, é sócio de uma empresa que existe há mais de 20 anos, a Mariana Tecidos, na travessa Treze de Maio, surgindo como um desdobramento do empreendimento iniciado por seu avô em Abaetetuba. A via, que se caracteriza pela influência de diversos ramos, tem destaque para lojas de tecidos, bijuterias e até comida.

“A loja começou com meu avô, depois passou para o meu pai e agora estou tocando junto com minha mãe. A gente tem muitos clientes que vêm aqui há décadas. É uma rua que pouca gente conhece fora do circuito de quem entra pela [avenida] Presidente Vargasl, mas quem descobre, volta. Porque aqui tem atendimento diferente, tem conversa, tem memória”, pontua.

A primazia na área faz com que o “fluxo permaneça forte, e hoje somos referência na Treze de Maio”, diz Keyton. “Muitas lojas nos perguntam se vamos abrir em dia de feriado para saber se abrem também”, conta. Atualmente, a loja ocupa, além da marca registrada na própria calçada, cerca de 300 metros quadrados e abriga mais de 750 produtos com até 50 variações de cor cada, atendendo um público diversificado.

Há quem mantenha uma história com a travessa Gurupá, já no bairro da Cidade Velha, como o seu Raimundo Fortunato, autônomo de 69 anos. Ele trabalha com venda de frangos abatidos na hora no final da travessa, próximo a rua São Boaventura, mas é na rua Doutor Assis, perto de lojas antigas de material de construção e ferragens, que ele costuma ficar apreciando o movimento há cerca de 43 anos.

“A rua é antiga, cheia de loja de família. Quando eu era mais novo, já vinha por aqui comprar coisas com minha mãe. Hoje é eu que vendo”, relata, com um sorriso. Ele diz que o bairro mudou, mas que ainda guarda sua alma. “Aqui tem gente que trabalha há décadas. É um pedaço do centro que ainda é do povo”.

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