Não houve pessoa mais feliz na manhã desta segunda-feira (12) do que o torcedor do Clube do Remo. Após a quebra de um jejum que já durava três anos, o Leão sagrou-se campeão paraense de 2025 neste domingo (11). E o que tornou essa conquista ainda mais especial foi o fato de ter sido em cima do maior rival, o Paysandu.
Nas ruas, o que mais se via em Belém eram torcedores vestindo, com orgulho, a camisa do Remo. O 48º título paraense do Leão foi motivo de muita alegria e zoação no mercado do Ver-o-Peso, local onde a rivalidade entre remistas e bicolores sempre foi acirrada.
ZOAÇÃO SADIA
O azulino e presidente do Instituto Ver-O-Peso, Mário Lima, exaltando a grande conquista do clube do coração, destacou que, apesar da rivalidade, a amizade entre azulinos e bicolores sempre prevalece sobre as brincadeiras. “É uma encarnação sadia. A gente faz isso há muitos e muitos anos. Então, é um prazer reunir toda a galera para comemorar esse grande dia. Eu, como remista, claro, estou muito feliz. Só tenho a agradecer e comemorar com essa galera toda”, disse o torcedor.
Apesar da conquista, Mário lembrou que, na quarta-feira (14), o Leão tem outro grande compromisso, dessa vez contra o Vila Nova e válido pela Série B, e a ordem é focar para buscar o sonhado acesso. “Temos que manter os pés no chão. Ainda faltam sete rodadas, tem muita coisa pela frente. Mas o Remo tem que se manter sempre no G4 para garantir o acesso. Com certeza, é para lá que vamos: a Série A.”
Um dos mais eufóricos era William Babalu, que organizou tanto um churrasco com a famosa “carne de mucura” quanto um velório simbólico do Paysandu, com direito a velas e caixão. Ele fez questão de relembrar o último título conquistado em cima do rival, dentro da Curuzu, para celebrar a nova vitória.
“A última vez que fomos campeões foi em cima deles, dentro da Curuzu, na casa deles. E agora estamos felizes porque o Remo jogou bem e, graças a Deus, fomos campeões de novo em cima deles. Esse churrasco aqui é para convidar a galera para comer a ‘carne de mucura’, mas sempre no tom da brincadeira sadia, até porque aqui não existe rivalidade de verdade. Agora vamos focar na Série B. Somos o único time invicto da competição. E queria deixar um recado para o nosso camisa 10, Janderson, que ele possa se recuperar o mais breve possível. Estamos todos orando por ele”, disse Babalu.
Quem também tirou a manhã de segunda-feira para celebrar e zoar o rival foi o feirante Francisco Assis, que aproveitou para reforçar que a amizade e a brincadeira sempre prevalecerão entre os torcedores do Remo e do Paysandu. “Foi uma emoção muito grande, porque, apesar da dificuldade dos jogos, conseguimos o resultado. O clima aqui no Ver-O-Peso é muito bom. Temos uma união muito grande, somos uma grande família. E a brincadeira é assim: sem confusão, sem ofensas. A festa vai continuar por aqui”, exaltou o feirante.
Em contrapartida, os bicolores tentavam não se abalar com a zoação dos remistas. O principal “alvo” dos azulinos era Manoel Luiz Rendeiro, o Didi, que não se deixou afetar pelas brincadeiras dos amigos remistas. Ele lembrou que, apesar de o título não ter ido para a Curuzu, o Papão venceu o jogo e quebrou uma sequência de 10 jogos sem vitórias no ano.
“Os dois clássicos foram lindos. O primeiro teve cinco gols e um excelente futebol. O segundo foi bem competitivo, com o Paysandu vencendo e quebrando o jejum de 10 jogos sem vitória, sendo mais especial por ter sido contra o nosso rival. Isso é que foi bonito. O Ver-O-Peso é um exemplo de festividade. Não tem rivalidade, não tem adversário, somos todos trabalhadores. E quem ganha com isso é o futebol paraense.”
Por fim, o bicolor Jailson Caldas, o Jajá, lembrou que o Paysandu ainda tem duas competições para disputar: a Copa do Brasil e a Série B. Com isso, o objetivo agora passa a ser a recuperação do alviceleste e a melhora do desempenho da equipe ao longo da temporada.
“É importante lembrar que, quando se perde, é por descuido, mas depois vem a virada. Agora nosso foco é a Copa do Brasil e a Série B até o fim do ano, para que possamos nos recuperar. Ontem nossa torcida deu um show com mosaico, bandeirão, cantando os 90 minutos. Pênalti é loteria, mas o Paysandu continua sendo o maior campeão, com 50 títulos. E aqui no Ver-O-Peso, um espaço democrático, essa brincadeira só enaltece ainda mais nossa cultura e nosso amor pelos nossos clubes”, afirmou.
Apesar de toda a brincadeira entre os torcedores, o que sempre prevalece entre os trabalhadores é o respeito mútuo. Assim como os remistas estão em êxtase com o título, quando é a vez dos bicolores comemorarem, a zoação e a encarnação não são menos intensas. Isso reforça a força que tanto Remo quanto Paysandu possuem na região amazônica.
FOTOS DA FESTA NO VER-O-PESO
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PRÓXIMOS COMPROMISSOS
Para seguir no embalo da conquista do último domingo, o Leão Azul voltará a campo já nesta quarta-feira (14), pela 7ª rodada do Brasileirão da Série B, às 19h, no estádio Mangueirão, contra o vice-líder Vila Nova-GO. O Fenômeno Azul promete outra grande e belíssima festa nas arquibancadas, para empurrar o clube azulino a mais uma vitória na competição e tomar a vice-liderança do próprio clube goiano.
Por outro lado, o Paysandu não terá tempo para lamentar a perda do estadual, pois também voltará a jogar na quarta-feira, contra o América-MG, em Belo Horizonte, às 19h30. O Papão precisa começar a reagir na competição. As boas impressões deixadas na decisão podem ser um trunfo para que o time, enfim, consiga sua primeira vitória na competição nacional.