Os preços dos produtos alimentícios estão se tornando cada vez mais altos para os paraenses. Como muitos produtos vêm de fora, eles chegam aqui com custos adicionais, como o frete e os preços elevados dos combustíveis. Por isso, a tendência é que esses valores continuem aumentando, e quem acaba arcando com isso é o consumidor.
De acordo com o Dieese-PA, o levantamento de preços referente ao primeiro trimestre de 2025, que abrange os meses de janeiro a março, mostra que a maioria das verduras, hortaliças e legumes apresentou um aumento significativo, com muitos desses reajustes ultrapassando o dobro da inflação, que foi de aproximadamente 1,50% nesse período.
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Ainda de acordo com as pesquisas, os aumentos mais significativos foram os seguintes: o maxixe teve um aumento de 14,98% por quilo, seguido pelo chuchu com 14,41%; o quiabo subiu 11,13%; o feijão-verde em maço teve uma alta de 7,32%; a cebola aumentou 6,34%; a batata-doce branca subiu 5,15%; o cheiro-verde em maço teve um aumento de 5,03%; a chicória em maço subiu 4,47%; a alfavaca em maço teve um aumento de 3,57%; a couve em maço subiu 3,45%; o jambu em maço aumentou 3,44%; a salsa em maço teve uma alta de 2,11%; o pepino subiu 2,05%; a cenoura aumentou 1,93%; o cariru em maço subiu 1,75%; a cebolinha em maço teve um aumento de 1,57% e a alface em maço aumentou 1,43%.
Também no mês passado, alguns produtos tiveram redução nos preços. Os que se destacaram foram: batata lavada, que caiu 8,94%; batata doce rosa, com uma queda de 5,70%; abóbora, que teve uma redução de 5,39%; beterraba, com queda de 5,20%; macaxeira, que diminuiu 4,08%; pimentão verde, que subiu 2,27%; e repolho, com uma redução de 1,93%.
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Kits
Valter Souza, um vendedor de produtos hortis, de 42 anos, que atua na área há mais de 30 anos na feira da Terra Firme, comenta que os preços das verduras, hortaliças e legumes estão mais altos. “Os preços aumentaram bastante. O tomate, por exemplo, está custando R$180 a caixa na Ceasa. Por isso, precisei reajustar o preço e agora o quilo sai por R$15. Os clientes reclamam, mas, infelizmente, não consigo manter os preços como estavam. Eu faço as compras às segundas e quintas-feiras, às 22h, na Ceasa para garantir produtos de qualidade”, explica.
Ele diz que uma maneira de manter os clientes é oferecer os kits de sopão, que custam R$5 e incluem um pouco de cada produto. “É uma forma de o cliente economizar, pois assim ele consegue levar um pouco de tudo. Se fosse comprar cada item separadamente, o preço seria maior. É uma maneira de agradar os clientes”, explica.
Custos
Selma Portela, de 60 anos, também tem uma barraca de horti na feira da Terra Firme e já acumula mais de 25 anos de experiência nesse ramo. Ela comenta que os preços aumentaram bastante nos últimos meses. “Aqui é uma feira popular, uma das mais acessíveis. Nós, vendedores de horti, estamos lidando com um grande aumento nos custos dos produtos. Eu tento manter os preços o mais baixo possível, pois também competimos com os atacadões. Mas muitos clientes não percebem que, como pequenos vendedores, temos despesas significativas. Eu vou à Ceasa às 4h da manhã para escolher os melhores produtos para os meus clientes. Faço isso quatro vezes por semana, para garantir que eles tenham sempre itens fresquinhos. Chego aqui por volta das 6h e ainda pago R$ 15 pelo Uber para ir e cerca de R$ 80 pelo frete dos produtos. Precisamos colocar tudo isso na ponta do lápis”, explica.
Para não perder os clientes, ela vende pelo preço que eles pedem. “Com esse tempo chuvoso, os preços na Ceasa sempre aumentam, e o custo do frete fica muito alto, já que a maioria dos nossos legumes e verduras vem de outros estados. Estou comprando a caixa de tomate por R$180, um valor bem elevado. Por isso, estou vendendo a R$ 10 o kg. Mas se o cliente quiser que eu venda a R$ 3, eu faço. De qualquer forma, está complicado para todos. Meus clientes nunca ficam na mão aqui”, comenta. Para manter a clientela, ela também oferece os kits de sopão, que vende por R$5.
Dificuldades
Nildo Moreira, 45 anos, já está há mais de 20 anos trabalhando na feira da Pedreira. As dificuldades que enfrenta permanecem as mesmas dos colegas de profissão. Ele explica: “Toda semana tem um novo aumento, seja no combustível, que acaba sendo um gasto a mais para nós que precisamos ir até a Ceasa, ou nos próprios produtos que vendemos. Isso torna tudo mais desafiador para quem, como eu, trabalha em feiras. Precisei aumentar os preços das mercadorias”, diz.
Para economizar nas compras, o feirante comenta que muitos clientes têm escolhido os pratos com uma variedade de verduras. “Esse kit, que custa R$ 10, vem com um pouco de cada ingrediente para fazer um caldo ou sopa, como batata, beterraba, chicória, cenoura, chuchu, abóbora e repolho. Só falta a carne. Com os preços das verduras mais altos agora, essa opção tem sido bastante procurada”, explicou.