O jornalista e editor do Diário do Pará, William Silva, lança, no próximo sábado (26), sua primeira obra solo de poesias, intitulada “Passo Incerto”. O evento marca um momento especial na trajetória pessoal e profissional do autor, que há décadas se equilibra entre o jornalismo e a criação literária.
“Passo Incerto é mais do que um livro. É uma exposição da minha alma. São palavras que resistiram ao tempo e à correria da vida”, afirma William.
Com raízes indígenas da etnia Aruã e natural de Belém do Pará, William Silva é formado em jornalismo pela UFPA e tem uma longa carreira na imprensa paraense, atuando como repórter, chefe de reportagem e editor. Mas antes mesmo do diploma, a poesia já estava em seu caminho — como forma de expressão, refúgio e resistência.
“Desde muito jovem convivo com a introspecção. Nasci com ptose, uma condição que me tornou alvo de bullying quando esse nome ainda nem existia. Isso me levou ao silêncio e, desse silêncio, nasceu a poesia”, relembra.
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O livro é dividido em duas partes: uma com poemas escritos durante a adolescência, e outra com produções da vida adulta. A obra, segundo o autor, é um convite à reflexão sobre a existência humana, a identidade, a liberdade e os sentimentos universais.
“A inspiração vem do sofrimento, de amores que não deram certo, das injustiças sociais, de sonhos, da natureza. Às vezes, acordo no meio da noite com uma ideia e preciso escrever. É como se a poesia me chamasse”, explica.
A trajetória de William na literatura começou de forma experimental e coletiva. Em 1980, ele e o amigo de infância Vasco Cavalcante lançaram Sangria, um livro artesanal com 20 poemas datilografados e distribuído em envelopes.
A repercussão foi tão positiva que impulsionou a criação do coletivo Fundo de Gaveta, que ajudou diversos poetas paraenses a tirarem suas obras do anonimato entre 1981 e 1983. “No Sangria, lançávamos literalmente os envelopes para o público. Era poesia em movimento. Foi um momento mágico”, lembra, com bom humor.
Quase quatro décadas depois, o escritor decide finalmente lançar um livro solo — decisão impulsionada pelo apoio da esposa, Leide Silva, dos filhos e de amigos próximos. A publicação foi viabilizada pela editora Autografia, com colaboração na capa feita por William e pela designer Juliana Dantas.
“Talvez o maior gesto de coragem tenha sido vencer a timidez e expor meus sentimentos publicamente. Foram anos trabalhando em vários empregos, com pouco tempo para a escrita. Mas a vontade de publicar nunca morreu”, revela.
Além de Passo Incerto, William já tem outros projetos engatilhados. O próximo lançamento será Fique Atento: uma jornada por uma vida consciente e feliz, com reflexões e artigos sobre a vida contemporânea. Ele também escreve simultaneamente um novo livro de poesias, um romance e uma coletânea de contos e crônicas.
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Para os leitores, o autor deixa uma mensagem que resume o espírito de sua obra: “Que exerçam o pensamento crítico, a sensibilidade do coração e a inteligência em favor da justiça social. A literatura tem esse poder: tocar, transformar e despertar”.
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